"Ser governo tem ônus e bônus. Hoje foi um dia de ônus." Com esta frase o senador Delcídio Amaral (PT/MS) justificou a posição dele ontem no Conselho de Ética votando pelo arquivamento das denúncias contra os senadores José Sarney e Arthur Virgílio.
O problema é que na questão ética não deveria haver flexibilidade. Pelo menos era isso que se esperava do PT quando o presidente Lula foi eleito em 2002. Poderiam errar em vários outros pontos, mas nunca na questão ética. O senador Flávio Arns (PT/PR), uma das poucas pessoas sérias com mandato nesse Senado, disse que o partido rasgou a página ética de sua história. Eu diria, senador, que o PT já havia rasgado há muito esta página. Ontem foi apenas picotado o último pedaço de uma página que levou muita gente, até então anti-PT, a votar no partido em 2002.
Com ética não se faz concessão. E o PT tem feito muitas, inúmeras. Não que algum outro dos grandes ou médios partidos possam cobrar algo do Partido dos Trabalhadores. Todos têm sua parcela de culpa nisso aí que virou o país. O Democratas, por exemplo, que se coloca como o arauto da moralidade, há anos está encrustado na Primeira Secretaria do Senado (que administra o bolo) e não larga em nome de uma tal "proporcionalidade" entre as bancadas. O PSDB nos tempos de seu governo abafou tudo que foi investigação sobre corrupção. E o PMDB... bom, o PMDB é auto-explicativo.
O Brasil tinha o direito de ver pelo menos uma das representações abertas e as denúncias investigadas. O arquivamento sumário deixa a certeza de que alguns estão acima da lei. O PT poderia ter errado em qualquer coisa, menos na ética. Assim como o governo de José Sarney (85-90) poderia ter errado em qualquer coisa, menos na transição para a Democracia (como de fato não errou), o PT não poderia ter titubeado nas questões éticas. Mas, titubeou. E feio.
Um comentário:
Adorei!! Tá afiado hoje, hein!?!
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