Ontem entrevistei o professor Carlos Ranulfo, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, sobre a crise no Senado. Interessantes algumas colocações do professor. Para ele, por exemplo, a crise não se resume a Sarney. Segundo o professor não basta ficar nessa discussão de fica ou sai Sarney. Há questões muito mais graves acontecendo do que o fato de o neto do presidente ter intermediado empréstimos ou não. Isso, acrescento eu, que concordo com Ranulfo, é mais caso de Polícia Federal do que de cassação de José Sarney. Carlos Ranulfo fala em artificialismo na atual crise e que as questões eleitorais é que estão elevando o tom no Senado.
Para o professor Ranulfo a crise não é só política, ela é de representação. O Senado não responde mais ao que a sociedade espera. Segundo Ranulfo, é necessária uma reforma profunda na estrutura, nas funções e na representação do Senado. Ele é da opinião de que nem todos os assuntos deveriam passar pela análise dos senadores, apenas o que disser respeito a temas federativos (envolvendo os estados), análise de autoridades e questões de política externa. Para ele os mandatos poderiam ser de quatro anos ao invés do atuais oito. Do jeito que está, de acordo com o professor da UFMG, os senadores se desconectam da realidade e são pouco cobrados. Mandatos de quatro anos, a exemplo da Câmara dos Deputados, deixariam os senadores mais "ligados" na realidade e próximos do eleitor, sem acomodação.
O professor destaca ainda a questão dos suplentes que para ele "não representam nada, nem ninguém, pois não têm votos". Ele defende uma mudança nos critérios de escolha que poderia ser por sub-legenda (os partidos indicam três nomes para uma vaga, a chapa mais votada leva a eleição, e entre os três o que tiver mais votos seria o senador titular, os outros dois ficam na suplência conforme a votação recebida) ou ainda a simples convocação de novas eleições quando um senador titular deixar o cargo. Da forma como está hoje, os senadores são estimulados a buscarem outros cargos, porque podem sair e deixar alguém de confiança em seu lugar, alguém que não foi escolhido pela população.
A entrevista com o professor estará disponível no site da Rádio Senado amanhã pela manhã. Às 7h30 ela irá ao ar no programa Visão Política.
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