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Pois bem. Ao longo dos anos de bipartidarismo, e de volta ao multipartidarismo no final dos anos 70, o MDB trouxe ao Congresso temas como a Anistia, as Diretas e apresentou o nome de Tancredo Neves para a eleição do Colégio Eleitoral em 1985, o seu vice era Sarney. A necessidade e a única forma de vencer a eleição foi a união com os dissidentes do PDS, que depois formaram o PFL, e a aceitação de José Sarney como vice na chapa de Tancredo. Talvez este tenha sido o pecado original do PMDB (desde 79 com o P na frente do MDB). Um pecado necessário, ja que naquele momento a vitória de Tancredo seria impossível sem o apoio de dissidentes do PDS e visto que, daquele lado, embora muitos apoiadores da Ditadura, havia personalidades que poderiam ainda contribuir para o país.
A vitória a qualquer custo foi a primeira abertura do guarda-chuva que se tornou o PMDB, ali o partido virou o que se chama na Ciência Política de catch-all-parties (partidos cata-tudo, em uma tradução livre). O gigantismo do PMDB a partir de 1986 fez do partido o destino de políticos de todas as estirpes, afeitos às práticas menos condizentes com a ética e a boa administração pública. Os históricos perderam espaço, principalmente aqueles que tentaram se manter na seriedade.
Com isso, o PMDB se fez necessário. Imprescindível a todos os governos. A partir deste momento o partido deixou de ser necessário ao país. Passou a ser a representação do que de mais atrasado existe em termos políticos. Mas, graças ao seu tamanho - e a sua prática política largamente baseada no clientelismo, no coronelismo, do toma-lá-dá-cá (uma verdadeira síntese da política nacional ao longo da República) - tornou-se extremamente necessário à tal da Governabilidade. Assim foi com Sarney, assim teria sido com Collor, assim foi com Itamar, assim foi com FHC e assim é com Lula. É um partido de governo, independente de quem seja o governo. Por isso mesmo é hoje um partido nefasto e inútil para o país. O PMDB consegue ser hoje mais atrasado do que a antiga UDN, que ao menos tinha a Bossa Nova com algum interesse modernizador.
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PT e PSDB têm suas mazelas, suas fraquezas. São, inegavelmente, partidos com muitos defeitos. Porém, são hoje os únicos partidos com capacidade de formular uma política para o Brasil (desde que queiram e não se deixem levar por fisiologismos).
Seria um caminho.
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