quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um pitaco sobre jornalismo

Record x Globo; Globo x Abril/UOL; Record x Folha; Record x Abril/UOL ... A nossa mídia está em pé de guerra. Bom ou ruim? Nem um, nem outro, isto é simplesmente ótimo porque é a grande chance de escancarar para o público como funcionam os interesses dos grandes conglomerados de mídia do nosso país.


A briga Dunga x Globo deixou claro como os veículos manipulam a informação quando os seus interesses são contrariados. A presepada protagonizada pelos jornalistas globais tentando fazer parecer que a ira de Dunga era gratuita, sem motivos, não durou 24 horas. O pano de fundo para a desavença foi a negativa do técnico da Seleção para que jogadores dessem entrevistas exclusivas ao Fantástico do último domingo. Certo está Dunga em negar, errou Dunga na forma de se expressar e errou a Globo ao pensar que a desonestidade da explicação passaria imperceptível em tempos de mídias sociais e de informação "sem donos".


As mídias sociais, principalmente o Twitter e sua capacidade de propagar informações rapidamente, são as responsáveis por uma novidade na nossa imprensa: ela que se acostumou a apenas criticar, passou a ser alvo de críticas por parte da opinião pública que ela mesma tenta formar. Leitores, ouvintes, telespectadores e twitteiros passaram a exercer na relação com a mídia o papel que a mídia exerce quando se relaciona a classe política no que diz respeito ao controle e à fiscalização de atos públicos. A diferença crucial nessas relações, claro, é que a mídia tem interesses implícitos na relação com o poder público. Interesses estes que vão além da boa informação e muitas vezes se restringem às vontades dos donos dos veículos. Ali, a participação é mediada, só entra quem tem permissão. O que não ocorre com as mídias sociais. Entra quem quer, fala-se o que quiser e repercute-se o que bem entender. Por isso, movimentos como o #calabocagalvao, #calabocatadeuschmidt e #umdiasemglobo ganham corpo, seguidores e influência.


Twitter, Orkut e Facebook são fenômenos novos que as classes políticas estão aprendendo a usar, mas que a própria mídia convencional ainda não se deu conta da força, influência e da capacidade de propagar informações e tendências. São benéficas e são um instrumento que cada vez mais se mostra importante para a democratização do acesso à informação. Políticos que se aventuram nesse meio, mas que não respondem a seus seguidores, não sobrevivem ou perdem credibilidade. A mídia convencional se não fizer o mesmo, se não valorizar o peso das novas mídias, perderá sua já abalada credibilidade.

Jornalista não é lobista, não tem mandato de representação da sociedade e não está acima do bem e do mal. Jornalista presta serviço de informação e esta deve ser a mais isenta possível. No entanto, jornalistas que cobrem o Congresso Nacional e os que cobrem a Seleção Brasileira cometem o mesmo pecado: acreditam que falam em nome do povo, quando na verdade falam tão somente em nome de seus grandes conglomerados de comunicação. A maioria, de tão incompetente, faz o papel ridículo de bonequinho na mão de grupos políticos ou de mídia.

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