Sobre os dilemas que a política nacional nos impõe. Claro que é mais fácil votar nulo. Exige menos comprometimento, facilita a crítica, exige menos uso de massa cinzenta, enfim, por diversos motivos é bem mais fácil do que parar pensar e analisar as características daqueles que se colocam aí pleiteando nosso voto. Pode doer mais, comprometer mais, mas eu prefiro escolher um dos candidatos, mesmo que no primeiro turno escolha um pra não precisar escolhar nenhum e que isso aconteça somente no derradeiro momento de apertar o botão confirma. Anular o voto ou votar em branco, não vou.
Mas, como escolher? Tomemos aqui por base os dois principais candidatos à Presidência da República, os ocupantes das principais posições na corrida e únicos com chances reais de vitória (qualquer outra coisa será uma surpresa): Dona Dilma e "seo" Serra. Parecem-se. Ambos são de fortes convicções, centralizadores. Ele mais líder, menos influenciável. Ela mão-de-ferro, dizem mais autoritária (o que o seu perfil realmente indica). Ambos são adeptos dos estado forte, o que não sou contrário, com a carga de impostos que pagamos deveríamos ter uma contra-partida estatal semelhante a que os escandinavos têm, uma que a carga tributária é semelhante. Mas aí é sonhar demais e querer avançar 100 anos em cinco. Nossa cultura, ou a de nossos políticos, ou a do nosso eleitorado, ainda não permite este tipo de extravagância.
Como disse, ambos são parecidos. Mas o que os fará trilhar um caminho ou outro serão as companhias. Nem Serra, nem Dilma irá reduzir a carga de impostos no Brasil. Esqueçam. O conceito de Estado de ambos não permite isso. Ao lado de Serra virão o Democratas, uma parcela do PMDB (afinal o PMDB está sempre aí para o que der e vier), além do PPS (uma espécie de partido que pode ser comparado a um adolescente que brigou com os pais e anda com a turma errada só pra ser do contra).
Do PPS, sinceramente não espero nada. Nem de bom, nem de ruim. Apenas fará número na Câmara. O Democratas é o mais preocupante. Há em seus quadros reacionários de carteirinha, estado-minimalistas sem embasamento teórico, mas apenas com interesses próprios, políticos adeptos do fisiologismo que apenas hibernam na oposição. Ou seja, um partido que pouco irá acrescentar de bom ao governo. No próprio PSDB há uma turma parecida com esta, sobretudo no Nordeste. O PMDB é um caso à parte. Ah, e ainda há a ameaça de o Tucanato no Distrito Federal dar guarida ao Joaquim Roriz na disputa pelo GDF. Portanto, difícil de votar diante desse cenário.
Do lado do Governo e da candidata Dilma o quadro não melhora muito. Além dos petistas sedentos por poder e com poucos escrúpulos na hora de conquistá-lo, há um PMDB que todos sabemos como age e como agiu ao longo de suas história pós-democracia. É um partido com uma incrível capacidade (?) de ser governo, independente de quem esteja no Governo. Abriga quadros não muito recomendáveis que desenvolvem na política práticas impróprias e que deixam até o Capeta envergonhado. De resto, a coligação governista reúne uma série de partidos (ecos) que pouca utilidade têm a não ser esculhambar o nosso sistema político. Portanto, mais uma vez, difícil de votar diante desse cenário.
Em resumo. O quadro das companhias de cada um dos principais candidatos realmente torna a tarefa difícil na hora da escolha. É uma sensação de "estamos cercados". Por isso, para ter mais tempo pra pensar creio que a melhor opção no primeiro turno seja a candidata do PV a senadora Marina Silva. Mas, ao lado dela tem o demagogo do Gabeira, aquele que prega a honestidade mas que passou os últimos 8 anos unha-e-carne com aqueles que ele chamava de desonestos nos 8 anos anteriores. É difícil mesmo...
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