É uma vergonha que uma democracia ainda precise tutelar seus eleitores para que eles não cometam, ou minimizem as besteiras quando foram às urnas. A Lei da Ficha Limpa é isso. Uma tutela, um freio às ações de um eleitorado que na grande maioria dos casos não lembra em quem votou no dia seguinte ao pleito. É uma pena que a nossa democracia ainda necessite desses mecanismo para evitar que picaretas, ou pelo menos diminuir a presença deles, participem das eleições tentando perpetuar suas fontes de enriquecimento ilícitos e seus esquemas de favorecimentos a amigos.
É uma vergonha que não haja no Brasil ainda uma política efetiva de educação da população, de formação de massa crítica na sociedade. Não falo de alfabetização, ou da alfabetização feita nos últimos anos que ensinou a milhões como assinar os próprios nomes ou ler o itinerário dos ônibus. Isso passa longe de ser alfabetização efetivamente, mas não passa da criação de analfabetos funcionais que, em termos políticos, continuam analfabetos. Sendo analfabetos políticos, sem acesso às informações necessárias à consolidação de um voto consciente, precisam de tutelas como o Projeto Ficha Limpa.
É uma vergonha que os partidos políticos precisem ser obrigados por lei a negar legenda aos picaretas que pretendem se lançar ou continuar na vida pública. Os estatutos dos partidos, que trazem em letras garrafais a defesa da ética, dos princípios da boa administração pública e que prometem ainda organismos para julgar e expulsar pessoas com deslizes éticos, já deveriam ser suficientes para que as lideranças partidárias proibissem este tipo de candidatos, os fichas sujas. O problema é que muitas vezes os próprios dirigentes estão neste grupo.
A Lei da Ficha Limpa é um mal necessário. Os partidos até hoje não se mexeram para evitar que este tipo de políticos se perpetuasse nos seus quadros. O eleitor, por sua vez, em sua maioria sem a exata dimensão do que é o voto e sem a consciência de que aqueles que se elegem são seus representantes e devem lidar com o interesse público, não cobra, não participa e ainda enche a boca pra dizer que "não tá nem aí pra política". Por causa de partidos fracos, políticos interessados apenas em questões pessoais (na grande parte dos casos) e de um eleitorado que se orgulha em não participar (na maioria dos casos) é que leis como a da Ficha Limpa são de grande necessidade para a melhora da nossa representação.
Um comentário:
Sim é um absurdo, e como você disse um mal necessário. Infelizmente vivemos num país que se mobiliza para dizer "CALA BOCA GALVÃO", que paralisa (literalmente) para assistir o jogo do Brasil na Copa, mas que não têm qualquer tipo de consciência política.
Mas não se pode culpar somente os políticos, aliás eles são apenas um reflexo da sociedade. Uma sociedade da lei do mais esperto. Por que não jogar o palito de sorvete no chão, se não serei punido por isso? Por que enfrentar fila se meu "brother" está lá na frente e pode fazer pra mim? Por que vou passar por um processo seletivo naquela empresa se meu cunhado quem escolhe os funcionário?
Infelizmente com esse reflexo a maior parte dos políticos também comete crimes (normalmente BEM MAIORES) do que simples "espertezas".
Infelizmente o Ficha Limpa é uma das poucas alternativas para tentar melhorar a qualidade dos nossos representantes. E convenhamos. Num país onde você tem que ter "ficha limpa" até para ser gari, é ridículo que pessoas cheias de condenações e processos poderiam se eleger.
Sou a favor do "Ficha Limpa", infelizmente temos que recorrer a esses tipos de mecanismos (quem dera que não fosse necessário) para melhorar a imagem dos governantes.
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