quarta-feira, 29 de julho de 2009

Por quê esta crise não vai nos levar a nada?

A resposta é simples: porque os costumes não vão mudar. E por quê eles não vão mudar? É simplesmente pessimismo? Não, não é simplesmente pessimismo. É com base em uma história de quase 200 anos de independência e mais de 300 de colonialismo. Vivemos ao longo destes 500 anos sob a confusão entre o público e o privado, sob a égide do patrimonialismo, dos currais eleitorais, do compadrio e do nepotismo. A mudança só virá com a mudança de costumes, quando os eleitos tiverem bem claro que o público não é privado. Que as "vagas" não são deles, não pertencem a nenhuma família ou grupo.

Infelizmente o papel da imprensa nestes escândalos envolvendo o Senado, por mais importante que seja, não é suficiente para a mudança destes costumes. Quando o deputado lá do PTB do Rio Grande do Sul disse que se "lixava" para a opinião pública, ele sabia exatamente o que estava dizendo. Não era só bravata de Plenário, é a mais pura realidade que abrange a maioria dos nossos (?) representantes. Qual opinião pública vale para um parlamentar? A opinião pública formada por uma minoria que lê e se informa (quando escrevo ler é ler criticamente) ou a opinião pública formada pelo eleitor local que, na maioria das vezes, não tem acesso à uma informação de qualidade? Acho que a segunda é mais importante e mais numerosa. Por isso que não só o deputado do RS, mas a maioria se lixa para essa opinião pública um pouco mais esclarecida (embora muitas vezes dotada de um preconceito sem medida)

Posto isso, o que quero dizer é que somente com educação é que esse país vai andar. No momento em que o eleitor tiver a consciência que o seu voto, somado ao de todos, conta e que este voto poder ser um instrumento poderoso de mudança, desde que haja interesse em mudar, as coisas podem começar a melhorar. Mas, o que se tem na história é que nenhuma nação conseguiu educar seu povo apenas com assistencialismo. O Brasil trata a maioria da sua população como gado. Não há porta de saída para essa massa que por não ter o essencial, se contenta com menos do que isso. Em menos de 25 ou 30 anos é difícil imaginar uma solução para essa crise que está aí. É preciso uma geração inteira pra mudar.

Assim, a crise que está aí, apesar de mostrar uma face oculta, mas esperada, de uma Casa que vive à base do compadrio e não estimula os servidores que efetivamente trabalham e têm noção do que representa a Instituição (uma Casa onde nem os senadores têm essa noção, com exceção de honrosas 2 ou 3 exceções) pouco irá mudar.

Nomes mudarão, como já mudaram, alguns procedimentos também, mas os costumes serão os mesmos. Ou alguém acha que, caindo o Sarney, com as alternativas que estão aí colocadas algo mudará na essência? Olhem em volta, prestem atenção nos nomes (dos que apóiam e na maioria dos que são contra) e pensem se é possível acreditar em mudança?

Um comentário:

Bruno Lourenço Reis disse...

A gente olha pro retrovisor e vê o PMDB. Olha pra frente e lá está a mesma noiva, o PMDB, vestido de branco e aguardando o cara que vai pagar a conta...