terça-feira, 3 de agosto de 2010

PT de São Paulo antecipa a campanha com Lista Fechada

PT-SP tira deputados de propaganda e prega voto em legenda


Estratégia é usar tempo dos programas para explorar imagens de Lula, Dilma, Mercadante e Marta como puxadores de votos


DANIELA LIMA
FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO


O PT de São Paulo decidiu que o espaço reservado na propaganda eleitoral a candidatos a deputado federal e estadual será usado para pedir votos na legenda.
Com isso, os petistas explorarão ao máximo o potencial do maior puxador de votos da sigla -o presidente Lula- e reforçarão as campanhas de Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante e Marta Suplicy, candidatos à Presidência, ao governo e ao Senado, respectivamente.
O eleitor assistirá a Lula, Dilma, Mercadante e Marta pedindo votos para o número do PT no horário reservado a políticos que disputam vagas na Câmara e na Assembleia.
A mudança, inédita na estratégia de propaganda eleitoral no Estado, foi aprovada ontem em assembleia do partido e teve Edinho Silva, presidente estadual da sigla, como principal articulador.
O PT de São Paulo estima que conseguirá dois milhões de votos na legenda. "É melhor Lula e Dilma pedindo votos na legenda que o [espaço] pingadinho de 25 segundos", defendeu o deputado José Genoino (PT-SP).
O voto na legenda alimenta o potencial das coligações de conseguir cadeiras no Legislativo. A mudança ajudará ainda as campanhas de Mercadante e Dilma.
Lula não aparecerá ao lado deles no horário dos proporcionais, mas pedirá votos para o 13, número de campanha dos dois candidatos.


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O texto acima é da Folha de São Paulo de hoje (03/08) e mostra a estratégia petista para a campanha proporcional no estado de São Paulo para estas eleições. O movimento é inédito pela sua forma, embora o PT tenha se notabilizado na nossa história partidária como o único entre as grandes legendas a valorizar o voto na legenda ao longo das nossas eleições. O ineditismo está no fato de que o partido irá retirar da propaganda no Rádio e na TV os candidatos aos cargos proporcionais (deputados estaduais e federais) e priorizar a indicação do voto no número do partido. A estratégia visa fortalecer na mente do eleitor a associação entre o número do partido, os candidatos majoritários e a importância de se fazer uma bancada no Legislativo vinculada ao Executivo.
 
No entanto, o fato mais interessante desta estratégia (típica de eleições proporcionais mundo afora) é que pela primeira vez um partido fará uma campanha no rádio e na TV como se estivesse trabalhando com uma lista fechada. A mensagem neste tipo de campanha tira o foco do personalismo, do candidato proporcional e enfatiza a importância do partido. O que a cúpula do PT quer dizer é que não importa qual seu candidato a deputado, importa você votar no número (na legenda) do partido. Enfatizando este número na mente do eleitor, o PT ainda tenta fazer uma transferência cruzada de votos. Do presidente Lula para a candidata ao Planalto, deles para o candidato ao governo de São Paulo e de todos para os candidatos ao Legislativo. O caminho inverso também vale, ou seja, o PT quer evitar que um eleitor que vote em um candidato do partido para deputado, vote em um candidato de outro partido para cargos majoritários.

A Lista Fechada é um dos pontos das várias propostas de Reforma Política que estão em análise no Congresso Nacional. É um elemento fundamental para uma representação proporcional mais próxima da ideal. A crítica é que o artifício deixaria os partidos políticos, e a composição das listas, à mercê das cúpulas partidárias. Em um primeiro momento, sim. O que não é enfatizado é que para que isto não ocorra será necessária uma participação maior do eleitor na vida partidária, estimulando a filiação aos partidos políticos e participação em convenções. Na Lista Fechada a disputa se dá intensamente dentro dos partidos para que a composição da Lista reflita a vontade da maioria e não apenas de uma elite. Isto, no entanto, requer tempo e educação política da população. O imediatismo com que se analisa os efeitos das Lista Fechada não leva em conta as principais características do modelo e os seus principais benefícios: fortalecimento dos partidos, participação política e barateamento das campanhas eleitorais.

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