quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Venezuela entre futuras potências nucleares

A revista Foreign Policy traz em seu site uma lista com as cinco futuras potências nucleares que devem preocupar o mundo. A maioria, quatro, estão do lado de lá do mundo: Myanmar, Emirados Arabes Unidos, Bangladesh e o Kazaquistão. O quinto país fica do lado de cá e bem do nosso lado: a Venezuela. (aqui a lista)
O texto a respeito dos interesses venezuelanos (aqui) coloca como motivos para preocupação as estreitas relações com países como a Rússia e o Irã. Segundo a revista, as recentes negociações para a compra de armas dos russos, o apoio dado por Chávez o regime de Teerã e o fornecimento de 20 mil barris de gasolina diários para o Irã como forma de amenizar as sanções ao país asiático podem render num futuro próximo uma troca que poderia render à Venezuela a tecnologia necessária para o desenvolvimento de energia nuclear com fins suspeitos. Além disso, a Venezuela pode fornecer a matéria-prima para o desenvolvimento desse tipo de tecnologia. A revista coloca uma estimativa de que existem 50 mil toneladas de urânio inexplorado no território do país Andino.

A questão que cabe analisar é se a Venezuela é mesmo um perigo como futura potência nuclear. Ou ainda, tratando de Mercosul, se a Venezuela será mais perigosa dentro do bloco ou fora, isolada dos demais países da América do Sul e tentando impor sua política de forma unilateral. Na próxima semana a adesão da entrada da Venezuela no Mercosul deve ser votada na Comissão de Relações Exteriores. Há ainda uma audiência pública na mesma Comissão que deve acontecer nos próximos dias. Desta vez será ouvido o profeito de Caracas, Antonio Ledezma, que é opositor de Hugo Chávez, mas defende a entrada do país no Bloco usando justamente a tese de que será pior isolar Chávez.

Qual influência Chávez teria numa possível desestabilização nas democracias do Bloco? Talvez nenhuma, ao menos, não no Brasil. Os outros, por suas características, são mais suscetíveis (a Argentina, por exemplo, vai à reboque da Venezuela basta ver as recentes medidas contra a imprensa). Mas, qual o valor da tese defendida por Ledezma de que seria pior isolar a Venezuela ao invés de integrá-la ao Mercosul? Não sei até que ponto o ingresso dos venezuelanos no bloco pode interromper esta caminhada do país vizinho rumo a alianças estratégicas com o Irã e a Rússia. Embora nenhum país membro do Mercosul possa estabelecer acordos com outros países de maneira individual, nada garante que a Venezuela seguirá estas determinações e não estabelecerá alianças mesmo a despeito do Bloco. Basta lembrar que o país ainda não cumpriu todas as exigências técnicas para a entrada no Mercosul, uma a mais, uma a menos não fará diferença pra quem não é muito dado a regras.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Quando o decoro e a hipocrisia se encontram

Segundo o dicionário Aurélio, a palavra decoro significa correção moral, compostura, decência entre outros significados. Já hipocrisia, quer dizer, entre outras coisas, afetação de uma virtude, de um sentimento louvável que não se tem.

Pois, na semana passada, a hipopcrisia e o decoro se encontraram no Senado Federal. O momento de tal encontro começou com o episódio do senador Eduardo Suplicy vestindo uma sunga vermelha promoveu um episódio no mínimo deprimente dentro do prédio de um dos poderes da República. Sem noção, aquilo foi uma promoção ao desrespeito que já existe em grande monta em relação ao Congresso Nacional. Ora, se o escárnio parte dos próprios senadores, que deveriam primar pelo respeito à instituição não se poderá cobrar nada mais do que a mesma atitude por parte da população.

Mas, o escárnio promovido pelo senador Eduardo Suplicy tem uma vantagem sobre o escárnio e a zombaria generalizada promovida por boa parte de suas excelências: foi com humor e não com dinheiro público. Tá, mas e esse cara vai dizer ou não quando a hipocrisia encontra o decoro? Vou, sim.

A hipocrisia chega para o encontro quando senadores que resolvem processar Suplicy no Conselho de Ética. Ora, com qual autoridade os mesmos que enterraram processos por mau uso do dinheiro público, tráfico de influência e outros atos de mesma honradez, resolvem processar um senador que, sim, quebrou o decoro, mas com um ato infinitamente menor e que não lesa o eleitor?

Menos que o Pânico foi o mais sensato entre os envolvidos (quem diria?) e resolveu não levar ao ar as imagens do senador. Assim, a investigação que já corria no Senado foi arquivada.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

La Nacion, de Buenos Aires

Dois artigos interessante comparando a evolução do Brasil e da Argentina no cenário mundial e regional. O La Nacion descreve as diferenças estratégicas nas escolhas dos parceiros de cada um dos países. Enquanto o Brasil se coloca como ator no que eles chamam de "grande ligas", a Argentina vai a reboque da Venezuela e do anti-americanismos. Além disso, descrevem também as opções políticas internas dos governantes. Afirma, o primeiro texto afirma que "en realidad, como las prioridades de cada gobierno: Brasil prevé su 2016; la Argentina revé su 1976."

Os textos, no entanto, não desconhecem nossa realidade diária e cita, no segundo texto, nossos males maiores: "seis de cada 10 legisladores brasileños son objeto de procesos o denuncias judiciales, según el Movimiento de Combate a la Corrupción Electoral. Entre diputados y senadores, 152 están o han sido procesados por el Supremo Tribunal Federal. Es la otra cara de Brasil, tan amarga como sus favelas, su movimiento de gente sin tierra y sus narcotraficantes, entre otros factores negativos."

Interessantes os dois textos que vêm de um dos mais tradicionais periódicos da Argentina, La Nacion. Os títulos são: "O Brasil adelanta, o la Argentina atrasa" e "Brasil, en las grandes ligas".

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pedophilia in Norway

According to an article in Aftenposten.no today (you can read it here in Norsk), Norway can becomes a paradise to pedophiles due to the time that information on internet traffic is available to the government authorities. Only three months is the total time. Norwegians are in a discussion about this, but there is a big resistance to adopt the European Directive. This is to regulate the time Internet providers must keep information on internet traffic and IP's numbers to identify users and possible pedophiles hiding behind the computer screen. The Directive establishes a period from six to 24 months to providers keep this information stored.

In the article published on the Aftenposten web site, Norwegian Police regrets the three months in Norway are not enough to a investigation and, when there are the evidences on a suspect, there is no more information stored about the internet traffic. They say Norway can becomes a paradise to this kind of criminals. The period fixed by the European Directive is enough, they considered, to do all the job concerning an investigation on pedophilia.

Well, at this point Norway is not working well like other countries, is lagging behind in the name of a supposed freedom of speech, that is not justified since it endangers the lives of children and encourages pedophilia and child abuse. During a Summer School I took part in Oslo last year, this extension of the storage time of Internet information was in discussion. The freedom of speech was used as an argument to deny this possibility. Norwegians are very resistant on this issue.

So, while they do not discuss this matter with an eye in the possibility of child abusers use this short time to keep hiding their actions from the authorities (and putting aside for a while the question of freedom of speech) they will not advance and help countries like Brazil (a model for world today on laws against pedophilia) to avoid the child abuse. Freedom of speech should be guaranted, but when you have to fight a crime the state must act on it.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Venezuela no Mercosul

Aqui, o relatório do senador Tasso Jereissati sobre a entrada da Venezuela no Mercosul. O senador é contra o ingresso do país de Chávez no bloco. A principal alegação é o duvidoso estado democrático de direito vivido pelo país. Segundo Tasso, a Venezuela segue o rumo de uma ditadura e fere a cláusula democrática do Mercosul.

Pesquisa confirma: web será estrela nas eleições de 2010*

Ao lado da televisão, a internet será a grande estrela nas eleições gerais brasileiras de 2010. Pesquisa nacional do DataSenado ouviu, por telefone, 1.088 brasileiros eleitores, distribuídos por todas as capitais do país. O levantamento mostrou que a internet é o segundo meio de comunicação mais usado pelo cidadão para informar-se sobre política, atrás apenas da TV.

A principal vantagem da web nas próximas eleições, segundo os entrevistados, será facilitar o diálogo entre eleitores. Dois em cada três deles consideram que a web terá grande impacto no próximo pleito (59%), sendo que entre os cidadãos que usam regularmente sites de notícias e participam de redes sociais (Orkut e Twitter, por exemplo), esse percentual sobe para 64%.

O levantamento do DataSenado buscou, ainda, avaliar a importância relativa dos meios de comunicação no esforço do cidadão para informar-se sobre questões políticas. A TV foi, de longe, o veículo mais usado (67%). Mas a internet apareceu em segundo lugar, com 19% das respostas válidas. O segmento “jornais e revistas” surgiu em terceiro, com 11%. A mídia rádio é preferida por apenas 4% dos entrevistados.

Quase metade dos respondentes (46%), finalmente, acredita que a principal vantagem da internet nas eleições será a troca de informações e idéias entre os eleitores. A possibilidade de facilitar a comunicação entre candidatos e eleitores aparece em segundo lugar, com 28%, o mesmo percentual dos que responderam “divulgar as propostas dos candidatos”.

Os entrevistados que disseram usar a internet diariamente somaram 58% dos respondentes; 78% acessam sites de notícias e 53% participam de alguma rede social, como Orkut ou Twitter.

Algumas características peculiares dessa nova mídia explicam sua crescente importância no campo da informação política: a) ela oferece a oportunidade do internauta conseguir informação em tempo real, com vantagem adicional em relação ao rádio e à TV graças à possibilidade de recuperação de notícias e opiniões; b) as redes sociais diluíram e multiplicaram os papéis de formadores de opinião, com a massificação da comunicação interativa entre desconhecidos, sobretudo jovens.

*O texto é da Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública do Senado, responsável pelo levantamento.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Agência Senado - 29/09/2009 - Jereissati apresentará voto contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul

Finalmente esta discussão está chegando ao seu final na Comissão de Relações Exteriores do Senado. O parecer, contrário ao ingresso da Venezuela, que vai ser apresentado pelo senador Jereissati já era esperado.


Agência Senado - 29/09/2009 - Jereissati apresentará voto contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Norsk politikk?

Here, the new Stortinget composition after the parliamentary elections.

Click here.

As we see, the Arbeiderpartiet (Labour Party) won 64 seats and kept de majority in the Parliament in coallition with the Senterpartiet (Center Party - 11 seats) and the Sosialistisk Venstreparti (11 seats, too). The the difference between the Rodt-Green coalition and the Opposition fell from seven to just three seats in the Stortinget in comparison with the 2005 election (88 x 81 to 86 x 83). It´s a narrow majority.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Funcionário do Senado ou dos senadores...

Este é um dilema e uma confusão que paira sobre o Senado. Os funcionários devem lealdade ao Senado ou aos senadores? Para mim a resposta é bem clara. A lealdade (tratada no artigo 116 da Lei 8112, conhecida como Regimento Jurídico Único) é bem clara e refere-se à instituiçao e não às pessoas. Portanto, a confusão se dá por desconhecimento da lei ou por obrigação de favores. O próprio senador que cobrar de um servidor lealdade aos senadores estará afrontando a lei.



Como funcionário concursado, devo ser leal ao Senado. É difícil fazer esta separação quando não se tem noção de Estado ou quando se pensa no Estado como algo que tem dono, como algo de propriedade de poucas pessoas. E este é um defeito grave na política brasileira. Há uma confusão entre o público e o privado e isto é retratado em livros clássicos da nossa história política, como Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro, ou Coronelismo, Enxada e Voto, de Victor Nunes Leal.

Um caso clássico dessa confusão. A Rádio Senado foi criada em 1997. Sua função primordial é divulgar as ações, os fatos, as notícias, enfim, o que ocorre no Senado, de maneira institucional. E não servir ao trabalho individual de um ou outro senador. Pois bem, até 2002 esta separação era algo difícil de se cumprir. Até ali, senadores usavam os estúdios da Rádio para gravar seus programas pessoais (que são enviados para rádios dos estados sem nenhum interesse para o Senado). Pois bem, para acabar com isso não bastaram pedidos, foi necessário um Ato da Mesa Diretora da Casa regulamentando o uso do estúdios da Rádio Senado. A partir dali o uso se tornou estritamente institucional. É um caso típico de achar que a estrutura pertence à determinadas pessoas.

A confusão se perpetua e se reflete em atos como os verificados no Senado. Aí há o desrespeito a outra norma da Lei 8112. Em nome da lealdade torta aos senadores, servidores agrediram o inciso VI do artigo 116 que diz que o servidor deve "levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo" e o inciso IX que fala que "manter conduta compatível com a moralidade administrativa".

A confusão é fruto da idéia que se tem de Estado. Uma idéia baseada na amizade e no compadrio, onde o que é público não é de ninguém e, se não é de ninguém, é de quem chegar primeiro. O correto, no entanto, é que o é público é de todos e, se é de todos, cabe a cada um zelar e tomar o devido cuidado para a preservação do bem (seja ele um prédio, um carro, o erário ou, em um conceito mais amplo, uma instituição por inteiro). Esta confusão é patrocinada em boa medida por boa parte da classe política que ainda se elege na base de pequenos favores, do toma lá-dá-cá. Enquanto estes políticos continuarem agindo assim e tiverem um público cativo para esta ação as coisas dificilmente vão mudar.

Sinal de vida...

O blog anda meio parado, eu sei. Mas o tempo não. Aliás, tenho me dedicado mais ao twitter twitter.com/jeffdalmoro. Mensagens instantâneas, como se fossem entradas ao vivo no rádio e como trabalho em rádio fica mais fácil.

Além disso, tem ainda o processo de mudança que tem tomado bastante tempo. A correria é grande e ainda vai aumentar por quê o prazo para deixarmos o apartamento atual termina na próxima segunda-feira. O bom é que hoje deveremos receber o novo apartamento. Finally!!

E tem outra coisa. Estou preparando mais um curso sobre partidos políticos que começo na sexta-feira no ILB. Corrido!!!

Mas, aí vai uma "fotinha":




Helsinki, spring 2008

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Deu no Comunique-se

Abaixo, discussão sobre ética e liberdade de expressão.


Especialistas divergem sobre restrições no uso de redes sociais por jornalistas

Izabela Vasconcelos, de São Paulo


As recentes normas adotadas pela Folha de S.Paulo e TV Globo no uso de redes sociais por seus jornalistas causam polêmica. Na última semana, os dois veículos divulgaram, em comunicados internos, regras para o uso de blogs, Twitter, e outras redes sociais.
A Folha determinou que seus profissionais sigam os princípios do projeto editorial, "evitando assumir campanhas e posicionamentos partidários". O veículo também exige que os jornalistas não divulguem conteúdos de colunas e reportagens exclusivas, restritos a assinantes, na rede. A TV Globo também estabeleceu normas semelhantes aos seus funcionários, vedando a divulgação de informações institucionais e o uso de redes sociais vinculadas a outros veículos de comunicação sem prévia autorização da emissora.
O que é visto como um cerceamento da liberdade de expressão para uns, é visto como uma questão ética por outros. Bruno Rodrigues, especialista em mídias digitais, concorda com a medida adotada pelos veículos. "Esse comportamento faz parte do trabalho profissional. Discordo quando dizem que é uma forma de limitar a liberdade de expressão. Quando um jornalista cobre algum assunto para a Folha, por exemplo, o jornal tem total direito nesse caso. Se for um trabalho particular, uma investigação própria, aí é outra coisa".
O professor de pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero, pós-doutorado em comunicação e Tecnologia, Walter Teixeira Lima Júnior, acredita que o caso seja algo muito novo e analisa o ponto de vista das empresas e dos jornalistas. "Tudo o que você vai falar vai para o bem ou para o mal da empresa. A preocupação do veículo é que eles têm concorrentes. Tudo isso é muito novo, tanto jornalistas como empresas estão aprendendo como conviver".
Apesar de enxergar as razões das empresas, Lima acredita que o jornalista também tem voz fora do veículo e o direito de expressar sua opinião fora de seu período de trabalho, mesmo de um assunto que tenha coberto. "Os veículos não podem limitar a liberdade do individuo. É como no passado, o jornalista escrevia a matéria, saía da redação e depois ia às ruas, era ativista", conclui o jornalista, que enfatiza que o profissional também deve ter responsabilidade sobre o que fala.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Para reflexão

Artigo interessante do economista Luiz Gonzaga Belluzo.



UM OLHAR SOBRE NOSSA IMPRENSA

Artigo de Luís Gonzaga Belluzzo, economista da UNICAMP

Eu estava na ante-sala de uma médica, em Salvador. Sábado, dia 29 de agosto. E apenas por essa contingência, dei-me de cara com uma chamada de primeira página - uma manchetinha - da revista Época, já antiga, de março deste ano de 2009: "A moda de pegar rico" - as prisões da dona da Daslu e dos diretores da Camargo Corrêa.

Alguém já imaginou uma manchete diferente, e verdadeira como por exemplo, A moda de prender pobres? Ou A moda de prender negros? Não, mas aí não. A revolta é porque se prende rico. Rico, mesmo que cometendo crimes, não deveria ser preso.


Lembro isso apenas para acentuar aquilo que poderíamos denominar de espírito de classe da maioria da imprensa brasileira. Ela não se acomoda - isso é preciso registrar. Não se acomoda na sua militância a favor de privilégios para os mais ricos. E não cansa de defender o seu projeto de Brasil sempre a favor dos privilegiados e a favor da volta das políticas neoliberais. Tenho dito com certa insistência que a imprensa brasileira tem partido, tem lado, tem programa para o País.


E, como todos sabem, não é o partido do povo brasileiro. Ela não toma partido a favor de quaisquer projetos que beneficiem as maiorias, as multidões. Seus olhos estão permanentemente voltados para os privilegiados. Não trai o seu espírito de classe.


Isso vem a propósito do esforço sobre-humano que a parcela dominante de nossa mídia vem fazendo recentemente para criar escândalos políticos. E essa pretensão, esse esforço não vem ao acaso. Não decorre de fatos jornalísticos que o justifiquem.


Descobriram Sarney agora. Deu trabalho, uma trabalheira danada. A mídia brasileira não o conhecia após umas cinco décadas de presença dele na vida política do país. Só passou a conhecê-lo agora, quando se fazia necessário conturbar a vida do presidente da República. O ódio da parcela dominante de nossa mídia por Lula é impressionante. Já que não era possível atacá-lo de frente, já que a popularidade e credibilidade dele são uma couraça, faça-se uma manobra de flanco de modo a atingi-lo. Assim, quem sabe, terminemos com a aliança do PMDB com o PT.


Não, não se queira inocência na mídia brasileira. Ninguém pode aceitar que a mídia brasileira descobriu Sarney agora. Já o conhecia de sobra, de cor e salteado. Não houve furo jornalístico, grandes descobertas, nada disso. Tratava-se de cumprir uma tarefa política. Não se diga, porque impossível de provar, ter havido alguma articulação entre a oposição e parte da mídia para essa empreitada. Talvez a mídia tenha simplesmente cumprido o seu tradicional papel golpista.


Houvesse a pretensão de melhorar o Senado, de coibir a confusão entre o público e o privado que ali ocorre, então as coisas não deviam se dirigir apenas ao político maranhense, mas à maior parte da instituição. Só de raspão chegou-se a outros senadores. Nisso, e me limito a apenas isso, o senador Sarney tem razão: foi atacado agora porque é aliado de Lula. Com isso, não se apagam os eventuais erros ou problemas de Sarney. Explica-se, no entanto, a natureza da empreitada da mídia.


A mídia podia se debruçar com mais cuidado sobre a biografia dos acusadores. Se fizesse isso, se houvesse interesse nisso, seguramente encontraria coisas do arco da velha. Mas, nada disso. Não há fatos para a mídia. Há escolhas, há propósitos claros, tomadas de posição. Que ninguém se iluda quanto a isso.


Do Sarney a Lina Vieira. Impressionante como a mídia não se respeita. E como pretende pautar uma oposição sem rumo. É inacreditável que possamos nós estarmos envolvidos num autêntico disse-me-disse quase novelesco, o país voltado para saber se houve ou não houve uma ida ao Palácio do Planalto. Não estamos diante de qualquer escândalo. Afinal, até a senhora Lina Vieira disse que, no seu hipotético encontro com Dilma, não houve qualquer pressão para arquivar qualquer processo da família Sarney - e esta seria a manchete correta do dia seguinte à ida dela ao Senado. Mas não foi, naturalmente.


Querem, e apenas isso, tachar a ministra Dilma de mentirosa. Este é objetivo. Sabem que não a pegam em qualquer deslize. Sabem da integridade da ministra. É preciso colocar algum defeito nela. Não importa que tenham falsificado currículos policiais dela, vergonhosamente. Tudo isso é aceitável pela mídia. Os fins, para ela, justificam os meios.


Será que a mídia vai atrás da notícia de que Alexandre Firmino de Melo Filho é marido de Lina? Será? Eu nem acredito. E será, ainda, que ele foi mesmo ministro interino de Integração Nacional de Fernando Henrique Cardoso, entre agosto de 1999 e julho de 2000? Era ele que cochichava aos ouvidos dela quando do depoimento no Senado? Se tudo isso for verdade, não fica tudo muito claro sobre o porquê de toda a movimentação política de dona Lina? Sei não, debaixo desse angu tem carne…


Mas, há, ainda, a CPI da Petrobras que, como se imaginava, está quase morrendo de inanição. Os tucanos não se conformam, E nem a mídia. Como é que a empresa tornou-se uma das gigantes do petróleo no mundo, especialmente agora sob o governo Lula e sob a direção de um baiano, o economista José Sérgio Gabrielli de Azevedo? Nós, os tucanos, pensam eles, fizemos das tripas coração para privatizá-la e torná-la mais eficiente, e os petistas mostram eficiência e ainda por cima descobrem o pré-sal. É demais para os tucanos e para a mídia, que contracenou alegremente com a farra das privatizações do tucanato.


Acompanho o ditado popular “jabuti não sobe em árvore”. A CPI da Petrobras não surge apenas como elemento voltado para conturbar o processo das eleições. Inegavelmente isso conta. Mas o principal são os interesses profundos em torno do pré-sal. Foi isso ser anunciado com mais clareza e especialmente anunciada a pretensão do governo de construir um novo marco regulatório para gerir essa gigantesca reserva de petróleo, e veio então a idéia da CPI, entusiasticamente abraçada pela nossa mídia. Não importa que não houvesse qualquer fato determinado. Importava era colocá-la em marcha.


Curioso observar que a crise gestada pela mídia com a tríade Sarney-Lina-Petrobras, surge precisamente no mesmo período daquela que explodiu em 2005. Eleições e mídia, tudo a ver. Por tudo isso é que digo que a mídia constitui-se num partido. Nos últimos anos, ela tem se comportado como a pauteira da oposição, que decididamente anda perdida. A mídia sempre alerta a oposição, dá palavras-de-ordem, tenta corrigir rumos.


De raspão, passo por Marina Silva. Ela sempre foi duramente atacada pela mídia enquanto estava no governo Lula. Sempre considerada um entrave ao desenvolvimento, ao progresso quando defendia e conseguia levar adiante suas políticas de desenvolvimento sustentável. De repente, os colunistas mais conservadores, as revistas mais reacionárias, passam a endeusá-la pelo simples fato de que ela saiu do PT. É a mídia e sua intervenção política. Marina, no entanto, para deixar claro, não tem nada com isso. Creio em suas intenções de intervenção política séria, fora do PT. Neste, teve uma excelente escola, que ela não nega. Por tudo isso, considero essencial a realização da I Conferência Nacional de Comunicação. Por tudo isso, tenho defendido com insistência a necessidade de uma nova Lei de Imprensa. Por tudo isso, em defesa da sociedade, tenho defendido que volte a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.


Por tudo isso, tenho dito que a democratização profunda da sociedade brasileira depende da democratização da mídia, de sua regulamentação, de seu controle social. Ela não pode continuar como um cavalo desembestado, sem qualquer compromisso com os fatos, sem qualquer compromisso com os interesses das maiorias no Brasil.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A reforma que não reforma

O Congresso Nacional debate uma minirreforma eleitoral para vigorar nas eleições de 2010. De mais importante, o texto em discussão traz a possibilidade de doações de recursos para as campanhas via internet (com cartão de crédito ou débito), boleto bancário e por telefone, e as regras para a campanha na rede mundial de computadores.


Em resumo, a minirreforma muda o que os senhores parlamentares acham que os incomoda na eleição. Agora, ficará mais difícil fiscalizar as doações para as campanhas e, tão grave quanto, haverá restrições ao território livre da internet.


O que o texto prevê é que os portais de notícias (tipo UOL, ClicRBS, Terra, Globo, Agestado) terão que obedecer regras como se fossem TVs, rádios ou jornais impressos. O espaço dado a um candidato terá que ser dado igualmente a outro e os blogs hospedados ali não poderão falar de um candidato sem falar nos outros. Haverá direito de resposta em caso de ofensas a candidatos, inclusive em blogs, páginas no orkut ou twitter de pessoas físicas. Ou seja, a partir de 5 de julho do ano que vem ninguém mais poderá dar sua opinião sobre os candidatos sob o risco de ser processado pela lei eleitoral. Resumindo: cortaram a liberdade de expressão do cidadão. Uma inconstitucionalidade visível.

O parágrafo terceiro do artigo 57D emendado pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG) ao é a seguinte:

§ 3º É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato e assegurado o direito de resposta, em blog assinado por pessoa natural, rede social, sítio de interação e de mensagens instantâneas e assemelhados, e em outras formas de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica, não se lhes aplicando o disposto nos incisos II e III deste artigo.”

No meio disso tudo há ainda um outro ponto que fere o direito à informação por parte do eleitor. Os sites jornalísticos, por meio de editoriais, não poderão deixar claro se são a favor, se apoiam, candidato A, B ou C. Neste caso não se trata de benefício a determinado candidato, nem a tratamento privilegiado. Mas, é uma questão de transparência, de avisar ao leitor/internauta que aquele portal apoia um candidato. Assim, que ler o material já saberá de antemão qual o viés daquela notícia e saberá filtrar a notícia da melhor maneira. É mais ou menos o que fazem os veículos de comunicação nos Estados Unidos, que desde o início das campanhas deixam claro qual candidato estão apoiando.

Mas, há ainda a esperança de que o Plenário do Senado derrube estes pontos e devolva aos cidadãos o direito de expressão sobre suas vontades políticas. Ora, se os senhores candidatos querem apenas elogios que se apresentem como candidatos apenas às suas digníssimas mães, mas não coloquem seus nomes nas ruas para a avaliação do eleitorado. Eleição pressupõe crítica e elogio e pra quem não souber conviver com a primeira a Gol e a Tam têm linhas diárias pra Caracas, a terra do primo Chávez.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Potência Militar Média?

Cinco submarinos, sendo um nuclear, e 50 helicópteros, além de mais 36 caças. A França armará as Forças Armadas Brasileiras. No dois primeiros itens: 19 bilhões de reais. Para os caças serão destinados US$ 4 bilhões. É o maior investimento feito por um Governo brasileiro em armamentos. O que significam estes investimentos?
Bom, aí depende pra quem olhamos. Se olharmos para os Estados Unidos, a única superpotência no mundo de hoje, isso significa 10 dias de gastos militares daquele país. Ou seja, não significa praticamente nada. Nem cócegas faz.
Se olharmos em termos históricos no Brasil significa uma ironia do destino. Veja bem, o governo que tem o maior número de combatentes da Ditadura Militar que assolou o Brasil entre 1964 e 1985, é o governo que mais investe no reequipamento das Forças Armadas. Enquanto que o governo que foi integrado por aqueles que apoiaram politicamente a Ditadura (PFL-hoje Democratas) foi o que mais deixou à deriva nossas Forças Armadas.
Se fixarmos a análise na questão Atlântico Sul significa que o Brasil, uma vez de posse de um submarino nuclear que pode permanecer em baixo d'água por tempo indeterminado (esse o grande diferencial para os convencionais) significa que o nosso país terá o domínio completo da região. Será a maior armada abaixo da linha do Equador, o que significa que ficará mais fácil a patrulha do mar territorial e do mar jurisdicional do Brasil. Com ou sem pré-sal, isso é importante. Porque, com ou sem pré-sal, o Brasil tem uma reserva importante de petróleo, além de todo o resto.
Se compararmos com outros países, os contratos com a França nos elevam definitivamente à categoria de Potência Média no cenário mundial. Se éramos emergentes, a partir deste fato somos um potência. Mas, afinal o que isso quer dizer? Quer dizer que o Brasil passa a ser visto com outro olhos pelas outras potências mundiais. Há ônus e bônus. A liderança do país frente a outros países em desenvolvimento será cobrada, exigida. A característica de hesitar em assumir esta liderança precisa ser colocada de lado. Não é mais uma questão de querer liderar ou não, mas ser compelido a isto.
É mais do que justificável a compra de equipamentos para as Forças Armadas. É mais do que justificável que o Brasil preze pela sua segurança e sua defesa. Um ônus é que, em breve, poderemos ser chamados a atuar em campanhas na África, por exemplo, mas não apenas em missões de paz, como no Haiti, mas também em missões de construção da paz que a ONU venha a fazer parte.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bom fim de semana e feriado...

Campos do Sul do Mundo. Ao fundo (no lago) uma salmonera,
onde são produzidos salmões em cativeiro.
Interior entre Frutillar e Llanquihue, Patagônia Chilena, 2006

70 anos do início da II Guerra Mundial











Esta semana foram lembrados os 70 do início da II Guerra Mundial. Os primeiros bombardeios aconteceram em Danzig (atual Gdansk) na invasão da Polônia pela Alemanha Nazista. O que se sucedeu a partir das 4hs45 daquele primeiro de setembro até o dia 2 de setembro de 1945 foi um show de horrores patrocinado pela Alemanha de Hitler em nome de uma supremacia ariana e da criação de um império que deveria durar mil anos. Disso resultou algo entre 60 e 80 milhões de mortos entre militares e civis, contados aí os 6 milhões de judeus vítimas do holocausto.
O período é muito bem explorado em filmes como: Ike - O Dia D; O mais longo dos dias; O resgate do soldado Ryan; Stalingrado; O romance "Casablanca", que tem como pano de fundo a Guerra; e a super série Band of Brothers (na minha opinião a melhor de todas).
E em livros com O Dia D e Soldados Cidadãos, de Stephen Ambrose, entre tantos outros.
As fotos do post (todas do meu arquivo pessoal) são de três pontos do Dia D (4 de junho de 1944). Da esquerda para a direita: Museu do Dia D, em Utah Beach; Cemitério Americano, em Omaha Beach; e a igreja de St.-Mère-Eglise, local de aterrissgem de parte da 101a Divisão Aerotransportada dos EUA. Eles desceram ali por engano e viram-se cercados por soldados alemães (krautz). O boneco pendurado na torre da igreja lembra o soldado que ficou da mesma forma recebendo "as boas vindas" dos alemães que cercavam a igreja. Ele se salvou, por mais incrível que possa parecer, e os americanos tomaram a cidade, que era um ponto de ligação entre as praias e o interior da Normandia.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A necessidade de reforçar as Forças Armadas

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem dois empréstimos no valor total de € 6 bilhões para reequipamento da Aeronáutica e para a construção de cinco submarinos, sendo um deles nuclear. A Aeronáutica vai ganhar 50 helicópteros construídos em parceria entre o Brasil e a França.

No Brasil há ainda um ranso, um preconceito contra equipar as Forças Armadas. Há um temor de que Exército, Marinha e Aeronáutica fortes irão tomar conta do país e destituir os demais poderes. Isso é trauma que precisa de psicólogo. Forças Armadas fortes, com a crescente inserção do Brasil no mundo, é uma necessidade e não um luxo, muito menos um atentado à democracia.

O fortalecimento das Forças Armadas é importante para a manutenção da soberania do país e para a ampliação da imagem de liderança que o Brasil tem e pretende ter cada vez mais na América Latina e entre países emergentes. Desde meados dos anos 90 o Brasil vem ganhando projeção no cenário mundial. A estabilidade da economia, o crescimento do PIB, a diminuição das desigualdades, a participação no comércio internacional e a postura do país em organismos como a OMC colocaram o Brasil em posição de destaque ou de liderança em blocos como o G-20 (dos ricos), o G-20 (da OMC), o G-77, o Mercosul, a Unasul e os BRICs. As grandes potências esperam muito do Brasil em todos estes grupos pela característica de moderação de nossa diplomacia ao longo dos séculos e também pela características de nossa democracia, com valores mais ocidentalizados, com eleições livres e sérias e instituições estáveis (embora ainda não totalmente confiáveis).

No post anterior chamei atenção para um texto do El País (publicado pelo UOL) que mostra o crescimento dos investimentos em armas pelos governos Sul-Americanos. Este é mais um motivo para que o país se equipe. Nossos vizinhos bolivianos e venezuelanos não são nada confiáveis, o Paraguai é um estado paralelo que não consegue se institucionalizar decentemente, há também a fronteira amazônica sempre preocupante. Hoje a fronteira mais tranquila é a que mais preocupou até metade do século XIX: com a Argentina. Há ainda o pré-sal e a necessidade de proteção da nossa costa atlântica (por isso a importância de um submarino nuclear que pode ficar por muito tempo submerso).

Levando-se em conta uma das premissas realistas das Relações Internacionais de que um país se transforma em potência por três vias, preferencialmente conjugadas, que são a diplomacia, a economia e a força militar (é mais ou menos assim, se uma não funciona, usa-se a outra), fica claro que o Brasil precisa de forças armadas bem equipadas (e aí não são apenas armas, mas também treinamento e bons salários). O Brasil não pode ficar em inferioridade em relação a países como a Venezuela, cujo presidente não se sabe até onde quer chegar e que é cheio de encrencas políticas e territoriais com seus vizinhos colombianos e guianenses.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Armamentismo na América do Sul

Texto interessante hoje no UOL (clique aqui) sobre uma possível corrida armamentista na América do Sul. A reportagem é do El País e traz dados interessantes sobre o crescimento dos gastos com defesa no continente nos últimos anos. Aponta o crescimento do poderio venezuelano (hoje o segundo exército da região, atrás do Brasil) e mostra também um aumento considerável dos gastos com defesa por parte do Brasil em nome da proteção à Amazônia.

No final, uma afirmação que eu já ouvira de um professor de relações internacionais referindo-se ao fato de "para ser potência é preciso ter como demonstrá-lo". A frase é de Diego Fleitas, diretor da Associação de Políticas Públicas da Argentina. Além da diplomacia, da parte cultural e da parte econômica, uma potência se faz também pela sua capacidade militar. Ao Brasil faltam as últimas duas, fundamentais, principalmente a questão cultura/educação, para o crescimento da economia.

Vale à pena ler.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os novos moradores da bibliteca de casa...




Esta semana comprei na Livraria Cultura mais dois livros sobre guerra. Um sobre a primeira e o outro sobre a segunda, embora não seja apenas sobre os 6 anos da II Grande Guerra, o tema da obra fala também sobre isso. Trata-se de "Hitler e os Alemães", de Eric Voegelin (Ed. Realizações, 368 páginas). O livro é uma leitura filosófica da relação dos alemães com o Führer e promete uma leitura interessante mostrando esta relação sob diversos aspectos. A II GM é um dos assuntos que tenho maior interesse, principalmente depois de ter ido à Normandia e visitado algumas das praias onde se deram os desembarques do Dia D e o cemitério Americano, em Omaha Beach.

O outro livro trata da primeira Guerra Mundial. "1914-1918 - The History of the First World War", de David Stevenson (Penguin Books UK) conta a história da Primeira Guerra desde as suas motivações até o seu final. Embora a II Grande Guerra me atraia mais, acho que é importante conhecer a primeira para que a segunda possa ser entendida melhor. Afinal, um dos principais personagens da segunda guerra (Hitler) formou-se na Primeira.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mais leis?

Hoje fui "provocado" pelo Rodrigo Resende, colega aqui da Rádio Senado, sobre uns dados que coloquei no Twitter a respeito da produção legislativa do Senado Federal e uma comparação com uns dados da França. No Senado nosso de cada dia, no primeiro semestre deste ano, foram aprovados 188 projetos de lei, 15 Medidas Provisórias (ou Projetos de Lei de Conversão que são as MPs alteradas), duas propostas de emenda à Constituição, 21 de projetos de resolução, 64 embaixadores e autoridades e ainda 37 PDLs (concessões para funcionamento de rádios e TVs).

Comparei isso tudo com um dado que me foi passado sobre a França onde a população teria reclamado da aprovação de 3 leis durante um ano pelo Congresso. Lá eles acharam muito.

A provocação foi no sentido de que a comparação seria injusta por ser a França uma democracia consolidada, das mais antigas do mundo, e o Brasil uma democracia em consolidação. Bom, sou obrigado concordar com o Rodrigo quanto ao fato de o Brasil ser uma democracia em consolidação e a França já consolidada. No entanto, não acho que o Brasil precise de mais leis para se consolidar.

Por exemplo, e são exemplos defendido por estudiosos das mais diversas áreas, temos a legislação mais moderna do mundo no que diz respeito aos idosos e às pessoas com deficiência, temos leis de primeiro mundo na questão ambiental, da mesma forma o SUS (que já fez 21 anos) é considerado o sistema público de saúde mais moderno do Planeta (se funciona, é outra história), nossa Constituição, a cidadã, é considerada uma das mais completas do mundo e fez seu papel em um momento de transição. As emendas mostram que talvez ela precise ser revista, mas, enfim, ela não é a culpada pela nossa democracia ainda enfrentar problemas. Pra terminar, temos dado exemplo ao mundo de como combater a pedofilia.

Temos corrupção? Temos. Mas não é com novas leis que o Brasil irá acabar com isso, mas com a aplicação das que temos. Certa vez conversei com o representante da Transparência Internacional no Brasil, professor Bruno Speck, da Unicamp, sobre o relatório de percepção da corrupção no Brasil.

Nosso país está lá no meio (59 ou 60, agora não lembro) em termos de percepção. Uma percepção que vem aumentando, segundo a TI. Perguntei ao professor Speck se o aumento da percepção significaria mais corrupção ou mais investigação e, consequentemente, maior exposição da corrupção, dos corrompidos e dos corruptores. Segundo o professor, não há uma medição sobre isso, mas que a segunda hipótese deveria ser levada em consideração. Na minha opinião, a segunda hipótese é bem plausível, mas, é claro, precisa de investigação.

Ao que tudo indica, portanto, o Brasil não precisa de mais leis, precisa é aprender a cumprir o que tem. Precisa acabar com o discurso tosco de que há leis que pegam e leis que não pegam.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

75% aceitariam praticar corrupção

- O peso da ética: “Uma pesquisa do Ibope constatou que 70% dos entrevistados admitem já ter cometido algum tipo de prática antiética e 75% deles afirmaram que cometeriam algum tipo de corrupção política caso tivessem oportunidade. Isso, obviamente, acaba criando um certo grau de tolerância com o que se faz de errado. Talvez esteja aí uma explicação para o fato de alguns políticos do PT e outros personagens muito conhecidos ainda não terem sido definitivamente sepultados”.

O texto acima foi extraído do Blog do Josias, no UOL. Ele é auto-explicativo na sua parte em negrito. Com um dado desses só nos resta mesmo esperar uns 50 anos até que esse país se ajeite. Talvez, um talvez bem prolongado, a geração dos meus netos venha a ver e viver em um país decente. Hoje, pra vermos e vivermos isso só se nos mudarmos daqui.

O padrão ético é cultural. Ele só mudará quando a educação for privilegiada nesse país. E dizer que muitos criticaram, e criticam, o senador Cristovam Buarque por ter sido um candidato "monotemático" nas eleições presidenciais de 2006. Essa crítica vem de pessoas com visão curta e estreita (sabe cavalo e burro puxando carroça com aquela viseira que só os permite ver numa direção? Pois é, bem esse tipo de visão). O discurso de Cristovam, ao contrário do que pensa a maioria, era o discurso mais abrangente de todos. O mais completo.

A ética dificilmente virá do nada montada em um cavalo branco para salvar o Brasil.

sábado, 22 de agosto de 2009

A Biblioteca Esquecida de Hitler

Estou lendo "A Biblioteca Esquecida de Hitler" (Timothy W. Ryback, 2009: Cia das Letras, 328 pág.). Um livro interessante que, confesso, quando comprei não apostava muito no seu conteúdo, mas comprei pela curiosidade em saber quais foram as influências que levaram Adolf Hitler a fazer o que fez e se a loucura dele teria algum embasamento teórico. Imaginava um livro apenas descritivo das obras lidas pelo chefe do estado Nazista.
No entanto, o que encontrei até agora quando passei um pouco da metade do texto é uma narrativa interessante e rica nos detalhes sobre como as principais obras da biblitoeca de mais de 16 mil exemplares chegaram até o líder nazi e o influenciaram. Há ali nítidas influências de filósofos alemães como Nietzsche, Schopenhauer, Fichte e Lagarde. Todos anti-semitas. Há ainda, obviamente, influências de teóricos no nacional socialismo.
Todos esses textos deram a Adolf Hitler a teoria necessária para que pusesse em prática o dom de liderar e arregimentar as massas em favor do Nacional-Socialismo. Em Hitler sobrava o que faltava ao teóricos: a capacidade de transformar esta teoria em prática. De fazer do anti-semitismo filosófico, compartilhado por nomes como Henry Ford e seu livro "O Judeu Internacional" , uma Política de Estado.
Hitler portanto, anti-semita por natureza, foi o produto de um estado onde o anti-semitismo estava presente na educação e nos livros. Foi um produto do seu meio. A potencialização de um ódio latente. Hitler, e aqui vai uma contradição e uma surpresa, era favorável à criação de um estado Judeu na Palestina (a exemplo do que ocorreu no pós-Guerra). Porém, sua motivação não era a de restaurar aos Judeus o seu lugar na Terra Santa, mas livrar a Europa do que ele considerava um mal e um atraso.
O livro é interessante por mostrar estas influências e possibilitar um entendimento sobre o meio filosófico que cercou Hitler antes de sua ascensão e depois de sua chegada ao poder. Uma leitura que vale à pena.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bom fim de semana...

Morro dos Conventos, Araranguá (SC) - maio de 2008

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Defesa e Inteligência

A Biblioteca do Senado foi palco ontem do lançamento do livro Atividade de Inteligência e Legislação Correlata. O autor, Joanisval Brito Gonçalves, é consultor-legislativo aqui do Senado. Tive aula com ele sobre Relações Internacionais. Tivemos alguns debates interessantes, sobretudo em questões que definem quando um Golpe é Golpe ou quando é Revolução.

Bom, hoje entrevistei o Joanisval sobre o livro e também sobre as políticas de defesa e de inteligência do Brasil. Entre os pontos destacados, Joanisval afirma que há preconceito generalizado na mídia e na política em relação a estes assuntos. Ele deixa claro que por causa desse preconceito, que na verdade é um ranso que vem ainda da transição democrática, quando tudo que era relacionado a isso era sinônimo de ditadura, o Brasil perde tempo e não determina suas políticas para estas duas áreas. E vai além afirmando que não só derrubar o preconceito basta, mas será preciso também o país se definir quanto à sua posição de liderança na América Latina e de potência emergente no cenário mundial.

Mas, um ponto que chamou a atenção foi quando conversamos sobre o possível uso de bases colombianas pelas Forças Armadas dos EUA. Ele afirma que o maior perigo para a estabilidade na América Latina não está nesta cessão do governo colombiano ao norte-americano. Mas, na política armamentista da Venezuela, um país que não vive o que se pode chamar de Estado Democrático de Direito, que fecha acordos com países como Irã e Rússia (para compra de armas) e tem conflitos territoriais com a Guiana e a Colômbia.

O detalhe disso tudo é que, em um possível conflito ou invasão da Guiana, o único caminho para a Venezuela é cruzar pelo território brasileiro no estado de Roraima, justamente onde fica a reserva indígena Raposa-Serra do Sol. Muito mais preocupante do que as bases militares dos EUA na Colômbia, um país com quatro décadas de democracia.

Ah sim, a entrevista com o professor e consultor do Senado, Joanisval Brito Gonçalves, vai ao ar amanhã na Rádio Senado (Brasília: 91,7Mhz; Natal: 106,9Mhz; e Cuiabá: 102,5Mhz), às 7h30, e estará disponível também na Radio Agência ainda pela manhã.

Uribe poderá disputar um terceiro mandato

O Senado da Colômbia aprovou uma emenda constitucional que permite ao presidente Álvaro Uribe disputar as próximas eleições e concorrer a um terceiro mandato. Vou ser coerente. Como acredito que as atitudes do presidente Chávez quando ele tentou a mesma coisa (e conseguiu) na Venezuela foram atos de quem namora e casa com a Ditadura, sou obrigado a acreditar que essa medida do governo Uribe tenha o mesmo teor.

No Brasil, essas peripécias dos nossos vizinhos bolivarianos têm sido classificadas como ditatoriais. O meio político e a mídia as classificam assim (e eu concordo). O que eu quero ver agora é como irão se portar essa mesma mídia e essa mesma classe política em relação a esta medida tomada por Álvaro Uribe.

Arthur Virgílio

Quanto ao senador Arthur Virgílio, era réu confesso. Portanto...
Não que a denúncia de ter mantido um funcionário com salário estudando no exterior de maneira irregular, pudesse levar à cassação do mandato. Não sei se seria para tanto, mas ao menos uma advertência ou suspensão mereceria, apesar de estar devolvendo o dinheiro e poder ser enquadrado como um arrependimento convicto (não sou advogado e não conheço bem os termos da área), o que levaria a uma redução da pena em um crime.

Inglaterra

Vejam uma pequena praticipação deste blogueiro no blog do candidato ao Parlamento inglês pelo Partido Conservador Robert Halfon. Halfon é meu mais novo "tio". Um tio postiço, namorado da minha tia Vanda.

O erro capital do PT

"Ser governo tem ônus e bônus. Hoje foi um dia de ônus." Com esta frase o senador Delcídio Amaral (PT/MS) justificou a posição dele ontem no Conselho de Ética votando pelo arquivamento das denúncias contra os senadores José Sarney e Arthur Virgílio.

O problema é que na questão ética não deveria haver flexibilidade. Pelo menos era isso que se esperava do PT quando o presidente Lula foi eleito em 2002. Poderiam errar em vários outros pontos, mas nunca na questão ética. O senador Flávio Arns (PT/PR), uma das poucas pessoas sérias com mandato nesse Senado, disse que o partido rasgou a página ética de sua história. Eu diria, senador, que o PT já havia rasgado há muito esta página. Ontem foi apenas picotado o último pedaço de uma página que levou muita gente, até então anti-PT, a votar no partido em 2002.

Com ética não se faz concessão. E o PT tem feito muitas, inúmeras. Não que algum outro dos grandes ou médios partidos possam cobrar algo do Partido dos Trabalhadores. Todos têm sua parcela de culpa nisso aí que virou o país. O Democratas, por exemplo, que se coloca como o arauto da moralidade, há anos está encrustado na Primeira Secretaria do Senado (que administra o bolo) e não larga em nome de uma tal "proporcionalidade" entre as bancadas. O PSDB nos tempos de seu governo abafou tudo que foi investigação sobre corrupção. E o PMDB... bom, o PMDB é auto-explicativo.

O Brasil tinha o direito de ver pelo menos uma das representações abertas e as denúncias investigadas. O arquivamento sumário deixa a certeza de que alguns estão acima da lei. O PT poderia ter errado em qualquer coisa, menos na ética. Assim como o governo de José Sarney (85-90) poderia ter errado em qualquer coisa, menos na transição para a Democracia (como de fato não errou), o PT não poderia ter titubeado nas questões éticas. Mas, titubeou. E feio.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Governo x Oposição

Ontem escrevi sobre o desuso dos termos esquerda e direita na questão dos partidos políticos. Esse desuso, vale ainda ressaltar, é mais evidente em democracias mais estabilizadas (e aqui eu incluo o Brasil e, ainda na América do Sul, o Chile) do que em democracias de caráter duvidoso ou onde não há segurança institucional alguma (como os nosso vizinhos bolivarianos Venezuela, Bolívia e Equador e ainda o Paraguai, que não é bolivariano, mas também não é uma democracia estável). Isso tudo, que fique bem claro, em se tratando do modelo de Democracia que conhecemos e admitimos como ideal no Ocidente.

Hoje vou um pouco mais adiante e escrevo sobre uma forma de se identificar em que campo estão os partidos. Na Ciência Política chama-se clivagem ou divisão (em inglês cleavage). De maneira geral as clivagens de um sistema partidário se definem pelas posições em termos como "estado maior x estado menor", "rural x urbano", "parlamentarista x presidencialista", "federal x unitário" e por aí vai.

As clivagens podem ser regionais, como por exemplo, na Europa, "pró-União Européia x contra União Européia" ou nos países islâmicos "pró grupos terroristas x contrários ao terrorismo" ou "estado laico x estado religioso".

No Brasil, estas clivagens não ficam bem claras. Com exceção do posicionamento entre estado maior x estado menor, onde temos, de um lado, partidos como o PT, o PSB, o PC do B e os demais do que seria a chamada esquerda, e, do outro, DEM e PSDB principalmente.

E o PMDB? Bom, o PMDB, como partido tipicamente brasileiro, se enquadra em uma clivagem também tipicamente brasileira. A clivagem "governo x oposição" (lembrando que aqui levo em conta sistemas multipartidários e não bipartidários ou de partido único).

Esta divisão é a mais visível entre os partidos brasileiros. Muito mais do que as questões que envolvem esquerda e direita, a divisão entre governo e oposição é a principal que move a luta partidária no Congresso Nacional. O PMDB está sempre no lado do Governo, assim como o PPS, na maior parte do tempo, estará no lado da oposição.

Pode-se dizer em uma análise mais superficial e, portanto, sem dados empíricos para confirmar a hipóteses, que esta clivagem no Brasil se dá pelo modelo do nosso Sistema de Governo. O presidencialismo brasileiro, com forte influência do Executivo sobre o Legislativo e a consequente formação do que se chama de "Presidencialismo de Coalizão", levaram o sistema partidário do país ao longo dos anos 90 e na primeira década do século XXI a se conformar dentro desta clivagem ampla e talvez única onde o partido é governista ou de oposição, não havendo, ou não estando muito claras, as demais divisões entre as siglas partidárias.

Talvez desta clivagem ampla venha a dificuldade que o eleitor tem em identificar quais as posições dos partidos sobre os mais diversos assuntos. Não temos um partido, por exemplo, claramente defensor dos interesses rurais. Há políticos em vários partidos que se especializam no assunto e que defendem aqueles que estão no campo. Do mesmo modo quando se fala em políticas urbanas. E não há ainda no Brasil partidos que se posicionem abertamente e programaticamente contra ou a favor do Mercosul.

Esta questão da clivagem principal no Brasil é ainda um tema que merece um estudo mais aprofundado. Não tanto quanto à sua existência, mas quanto ao seu efeito sobre o discurso dos partidos e as decisões do eleitorado.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Esquerda x Direita

A divisão dos partidos políticos em esquerda ou direita tem sido, nos últimos tempos, uma interpretação válida mais para os teóricos da Ciência Política do que para a prática do dia-a-dia da política nos diversos países. Desde o fim da Guerra Fria, a queda do muro de Berlim e o colapso do Comunismo, o discurso esquerda x direita tem perdido força. Essa perda de força se verifica ainda antes em países com democracias mais desenvolvidas como Estados Unidos, Inglaterra ou nos países nórdicos. Não se discute, há décadas, nesses países o modelo econômico. As questões se concentram de maneira geral em torno de como os partidos se comportariam em temas como assistência social e maior presença do estado no modelo chamado de Welfare State(trabalhistas), ou se o estado tem um papel mais de motivador da economia do que exatamente de um prestador de serviços (conservadores).

O Brasil não tem sido diferente no que se pode observar hoje em termos de partidos políticos. Voltando a 1979, quando da volta do multipartidarismo, vemos ali um quadro ainda com uma forte divisão esquerda x direita perfeitamente encaixado naquele momento de início de transição democrática. O PT se coloca como o grande contestador da ordem estabelecida não apenas no que dizia respeito ao restabelecimento da democracia, mas também no aspecto econômico e social. Pleiteava um estado mais pesado, interventor e como um grande gerente da economia. Essa postura dura até as eleições de 1989 e passa a mudar de maneira mais acentuada em 1992, quando deixam o partido as correntes que viriam a fundar o PSTU.

Esta mudança de postura nos últimos 17 anos aproximou o PT do PSDB. O Partido dos Trabalhadores se transformou em uma sigla de centro-esquerda, o mesmo espectro ideológico que inicialmente abrigou o PSDB. A força dos fatos levou, então, o PSDB a caminhar um pouco mais para a direita, chegando a ultrapassar a linha divisória e se acomodando como um grupo de centro-direita.

Como tudo isso, quero chegar na clara evidência de que um partido para conseguir o prêmio máxim o em uma eleição (majoritária ou proporcional) ele precisa, com a realidade imposta no pós-Guerra Fria, se adequar e caminhar para o centro - venha ele da esquerda ou da direita. Sem isso, não há chance de sucesso hoje em dia.

Poucos meses atrás entrevistei o professor Timothy Powers, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. O assunto eram os partidos políticos brasileiros em geral. Concordando com a tese de que os partidos caminham para o centro, para a convergência, ele fez uma afirmação interessante sobre o sistema partidário inglês. Segundo ele, o Partido Conservador está muito parecido com o Partido Trabalhista, ou seja, a sociedade inglesa não tolera radicalismos.

Prova dessa necessidade de “enquadramento ao centro” como estratégia de disputa eleitoral está em um artigo interessante escrito por Luis González e Rosário Queirolo, ele da Universidad Católica do Uruguay, e ela da Universidad de Montevideo.

O texto “Understanding Right and Left in Latin America” mostra um posicionamento de centro (levemente de centro-direita) no eleitorado Latino-Americano. Com exceção da Colômbia e de Honduras (que passam de 6, numa escala de 1 (esquerda) a 10 (direita)) os demais países ficam entre 5 e 6. Em nenhum dos 15 países analisados os eleitores se colocam no campo da esquerda. No Brasil, o índice fica 5.75.

Um dado curioso sobre o Brasil é a análise, ou auto-análise, do eleitorado do PT e do PSDB com base nas eleições de 2006. Na média, os eleitores petistas tem um índice de 5.89 na escala de 1 a 10 para esquerda ou direita. Já os eleitores do PSDB aparecem com o índice de 5.50, ou seja, os eleitores petistas, na média, se posicionam mais à direita do que os tucanos, também na média. Os dados dos últimos anos sobre as eleições no Brasil e na América Latina de um modo geral mostram a tendência ao centro do eleitor dos partidos políticos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Entrevista com o cientista político Carlos Ranulfo

Ontem entrevistei o professor Carlos Ranulfo, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, sobre a crise no Senado. Interessantes algumas colocações do professor. Para ele, por exemplo, a crise não se resume a Sarney. Segundo o professor não basta ficar nessa discussão de fica ou sai Sarney. Há questões muito mais graves acontecendo do que o fato de o neto do presidente ter intermediado empréstimos ou não. Isso, acrescento eu, que concordo com Ranulfo, é mais caso de Polícia Federal do que de cassação de José Sarney. Carlos Ranulfo fala em artificialismo na atual crise e que as questões eleitorais é que estão elevando o tom no Senado.

Para o professor Ranulfo a crise não é só política, ela é de representação. O Senado não responde mais ao que a sociedade espera. Segundo Ranulfo, é necessária uma reforma profunda na estrutura, nas funções e na representação do Senado. Ele é da opinião de que nem todos os assuntos deveriam passar pela análise dos senadores, apenas o que disser respeito a temas federativos (envolvendo os estados), análise de autoridades e questões de política externa. Para ele os mandatos poderiam ser de quatro anos ao invés do atuais oito. Do jeito que está, de acordo com o professor da UFMG, os senadores se desconectam da realidade e são pouco cobrados. Mandatos de quatro anos, a exemplo da Câmara dos Deputados, deixariam os senadores mais "ligados" na realidade e próximos do eleitor, sem acomodação.

O professor destaca ainda a questão dos suplentes que para ele "não representam nada, nem ninguém, pois não têm votos". Ele defende uma mudança nos critérios de escolha que poderia ser por sub-legenda (os partidos indicam três nomes para uma vaga, a chapa mais votada leva a eleição, e entre os três o que tiver mais votos seria o senador titular, os outros dois ficam na suplência conforme a votação recebida) ou ainda a simples convocação de novas eleições quando um senador titular deixar o cargo. Da forma como está hoje, os senadores são estimulados a buscarem outros cargos, porque podem sair e deixar alguém de confiança em seu lugar, alguém que não foi escolhido pela população.

A entrevista com o professor estará disponível no site da Rádio Senado amanhã pela manhã. Às 7h30 ela irá ao ar no programa Visão Política.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aberração aprovada há pouco no Senado

A CAE acabou de criar o Bolsa Sindicato. Isso significa que todos os trabalhadores deverão pagar até 1% de sua renda bruta anual para o sindicato de sua categoria. Agora a jogada de mestre: mesmo que o trabalhador não seja filiado.

Uma aberração patrocinada pelo atual governo em favor desse bando de vadios e agitadores. O texto ainda irá para a Câmara dos Deputados. Mas lá, com a maioria do Governo, será fácil, fácil este projeto sem-pé-nem-cabeça ser aprovado.

Marina Silva

Uma breve análise do que poderá ser a candidatura de Marina Silva ao Palácio do Planalto em 2010. Certamente a notícia de que a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente deverá se desfiliar do PT e ingressar no PV para disputar a Presidência da República não estava nos planos dos articuladores da candidatura de Dilma Roussef. Marina deixou Ministério do Meio Ambiente do governo Lula descontente com a política ambiental.

Marina Silva, que segundo levantamento por telefone apresentado pelo Partido Verde teria algo entre 10% e 20% das intenções de voto, mudará a cara de uma eleição que se desenhava com um caráter plebiscitário. Seria a disputa entre os oito do petismo versus os oito anos do tucanato. Os debates seriam preenchidos com frases do tipo "o meu foi melhor que o seu" ou "o seu só fez porque o meu começou". O fator Marina Silva traz uma nova roupagem a este debate: a questão ambiental, o desenvolvimento sustentável.

A candidatura da senadora terá uma grande prejudicada que será a candidatura de Dilma Roussef, ou de quem o Planalto lançar à disputa. Certamente Marina Silva roubará votos do candidato governista. Os descontentes e desiludidos com o petismo migrarão para o nome da senadora. Esta é a grande novidade na candidatura de Marina Silva. Um nome diferente, sem os rótulos de Ciro Gomes, sem os radicalismos de Heloísa Helena. Marina Silva certamente seria saudada no meio internacional pela sua luta reconhecida em favor do meio ambiente (assunto muito prezado em qualquer fórum no exterior). Prova disso são os prêmios que a senadora já recebeu: "2007 Champions of the Earth", o maior prêmio concedido pelas Nações Unidas na área ambiental; em 2008 a medalha Duque de Edimburgo, do WWF; e neste ano de 2009 o prêmio Sophie, da fundação noruguesa de mesmo nome, criada pelo escritor Jostein Gaarder.

A viabilidade política desta candidatura só tempo irá mostrar. Dependerá de alianças e de como será apresentada ao eleitor. O PV é pequeno, tem pouco tempo de televisão para a campanha. Precisará de alianças. Partidos como PPS, PSB e PDT poderiam acrescentar este tempo e serem parceiros com alguma identificação ideológica. Uma coisa, no entanto, parece certa. A candidatura de Marina será um acréscimo a uma campanha que se desenhava plebiscitária para o eleitor, que não teria a oportunindade de dizer não aos dois projetos que governaram o país nos últimos 15/16 anos e votar em um terceiro.

Lugares para sentar e pensar na vida... ou simplesmente esquecer dela


Maceió, 2009
Certamente estar ali é melhor do que estar aqui nessa Casa que hoje nem de Tolerância é mais.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A semana no Senado...

Mais uma semana começando. Mais uma semana sem nenhuma previsão de fim para a crise no Senado. Os partidos que defendem a saída de José Sarney vão tentar desarquivar no voto as representações no Conselho de Ética e para isso precisarão dos votos dos três senadores do PT. Para onde irão estes senadores? Esta é a incógnita da semana.

O petismo (leia-se governo Lula) está deixando os pudores de lado em nome da governabilidade. Põe em xeque o real valor da democracia em nome de um final de mandato com votações tranquilas no Congresso e de um projeto de mais quatro anos (pelo menos) de poder. Será que vale à pena? O desgaste compensará? Segundo pesquisas internas de partidos e do próprio governo parece que não. Confirmados os dados especulados, o presidente perde popularidade e a candidata-oficial caiu nas intenções de voto. Ao contrário do que havia dito o presidente Sarney, a crise pode sim chegar às classes C, D e E e abalar o governo de forma mais violenta que a própria crise econômica internacional. Veremos...

No Senado não se sabe se haverá reunião do Conselho de Ética esta semana. A estratégia de adiar e tentar esfriar as denúncias e os requerimentos do PSDB e do Democratas pode acabar prejudicando o próprio PMDB e o presidente do Senado. Com mais dias de crise, o PT pode amadurecer uma decisão que já se esboça, segundo os noticiários de hoje, dentro do Palácio do Planalto. O abandono do presidente Sarney por parte de Lula toma corpo e o próprio presidente da República já considera que a melhor saída para a crise seria a renúncia de Sarney.

O adiamento da reunião do Conselho de Ética pode dar tempo para que esta decisão seja amadurecida e o PT resolva votar pelo desarquivamento das denúncias (ou de algumas delas).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Bom fim de semana a todos...

Viña Casa Silva, Chile, 2006.


E que a semana que vem seja mais calma.
Um bom vinho no final de semana cai bem.

O Brasil já não precisa do PMDB. Mas, quando os governos perderão essa necessidade?

O PMDB teve um papel importante na vida política do Brasil como MDB. Nascido em meados dos anos sessenta, o MDB era o que se convencionou chamar de oposição consentida. Durante a ditadura militar foi o partido responsável por levar ao Congresso Nacional a voz da oposição ao Regime. Do lado oficial havia a Arena. O partido se fez com a adesão de ex-petebistas e ex-pessedistas, aliados de JK e de Getúlio e Jango, além de alguns udenistas descontentes com os rumos da "Revolução" (na minha opinião e da maioria um Golpe). A Arena era o contrário: maioria de udenistas, um bom número de pessedistas e alguns poucos, pouquíssimos, petebistas.

Pois bem. Ao longo dos anos de bipartidarismo, e de volta ao multipartidarismo no final dos anos 70, o MDB trouxe ao Congresso temas como a Anistia, as Diretas e apresentou o nome de Tancredo Neves para a eleição do Colégio Eleitoral em 1985, o seu vice era Sarney. A necessidade e a única forma de vencer a eleição foi a união com os dissidentes do PDS, que depois formaram o PFL, e a aceitação de José Sarney como vice na chapa de Tancredo. Talvez este tenha sido o pecado original do PMDB (desde 79 com o P na frente do MDB). Um pecado necessário, ja que naquele momento a vitória de Tancredo seria impossível sem o apoio de dissidentes do PDS e visto que, daquele lado, embora muitos apoiadores da Ditadura, havia personalidades que poderiam ainda contribuir para o país.

A vitória a qualquer custo foi a primeira abertura do guarda-chuva que se tornou o PMDB, ali o partido virou o que se chama na Ciência Política de catch-all-parties (partidos cata-tudo, em uma tradução livre). O gigantismo do PMDB a partir de 1986 fez do partido o destino de políticos de todas as estirpes, afeitos às práticas menos condizentes com a ética e a boa administração pública. Os históricos perderam espaço, principalmente aqueles que tentaram se manter na seriedade.

Com isso, o PMDB se fez necessário. Imprescindível a todos os governos. A partir deste momento o partido deixou de ser necessário ao país. Passou a ser a representação do que de mais atrasado existe em termos políticos. Mas, graças ao seu tamanho - e a sua prática política largamente baseada no clientelismo, no coronelismo, do toma-lá-dá-cá (uma verdadeira síntese da política nacional ao longo da República) - tornou-se extremamente necessário à tal da Governabilidade. Assim foi com Sarney, assim teria sido com Collor, assim foi com Itamar, assim foi com FHC e assim é com Lula. É um partido de governo, independente de quem seja o governo. Por isso mesmo é hoje um partido nefasto e inútil para o país. O PMDB consegue ser hoje mais atrasado do que a antiga UDN, que ao menos tinha a Bossa Nova com algum interesse modernizador.

Mas, como acabar com esta dependência? É difícil por causa da estrutura que o PMDB tem nos estados e nos municípios - a maior do país. Uma repetição em muitos aspectos do que era o PSD entre 45 e 64. Um início do fim desta dependência passa pela união entre PT e PSDB, os dois maiores partidos quando o assunto são eleições presidenciais. Difícil? Sim. Impossível? Não. As diferenças entre PSDB e PT hoje são mais pontuais do que programáticas. Os dois partidos são muito parecidos e o grande entrave talvez ainda seja o estado de São Paulo. Há alianças entre tucanos e petistas em vários estados. O mais importante deles é Minas Gerais. Seria um caminho longo, mas possível e talvez o melhor para o país. Uma espécie de aliança a exemplo do que ocorre no Chile. Lá, a Concertación governa desde 1991 e vem trazendo o país para uma posição de destaque no cenário mundial com índices sociais interessantes e a previsão de se tornar um país de primeiro em 2020, quando a renda per capita deve alcançar US$ 20 mil (igual a de Portugal).

PT e PSDB têm suas mazelas, suas fraquezas. São, inegavelmente, partidos com muitos defeitos. Porém, são hoje os únicos partidos com capacidade de formular uma política para o Brasil (desde que queiram e não se deixem levar por fisiologismos).

Seria um caminho.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pizzaria "Grão-Ducado" informa o cardápio do dia:

Pizza!!!!!

Metade cara-de-pau, metade picaretagem.

Pra quem não gosta de pizza fornecemos também um delicioso pastelão.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O texto que segue é um trecho de um post do Blog do Josias publicado hoje na Folha On Line:


Sarney diz que a crise não chega às classes C, D e E

O ronco das ruas é um dos principais argumentos utilizados pelos adversários de Sarney para justificar o afastamento dele do comando do Senado. Dos 81 senadores, 54 terão de banhar os seus mandatos nas urnas de 2010. Difunde-se a tese de que a defesa de Sarney tira votos.
Pois bem, escorado em dados que diz ter recebido de Augusto Montenegro, do Ibope, Sarney tenta disseminar um antídoto contra o veneno.
Nesta terça (4), ao cruzar o plenário do Senado rumo à porta de saída, Sarney estacionou ao lado de José Agripino Maia. Sem esmiuçar percentuais, o morubixaba do PMDB disse ao líder do DEM que Montenegro lhe havia informado o seguinte:

A crise que engolfa o Senado “alcança” as classes A e B, mas “não chega” à base da pirâmide social, onde estão assentadas as classes C, D e E.

Minutos antes, ainda sentado na cadeira de presidente, Sarney fora submetido a três discursos incômodos. Um deles pronunciado por Agripino.
O líder ‘demo’ defendera, de novo, o “afastamento” do presidente que seu partido ajudara a acomodar no comando do Senado. Agripino dissera ter recolhido nas ruas do Rio Grande do Norte, seu Estado, “reprimendas” que “conduzem à tomada de providências”.

Mais tarde, ao relatar a um amigo o que Sarney lhe cochichara no plenário, Agripino desdenhou:
“O desgaste sempre começa pelas classes A e B. Depois, é transferido para os mais pobres. É uma questão de tempo”.

Além de Agripino, defenderam a saída de Sarney o governista Renato Casarande (PSB-ES) e o oposicionista Arthur Virgílio (PSDB-AM).

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Agora o pitaco do blogueiro:

Se estes dados forem mesmo reais, o deputado Sérgio Moraes (PTB/RS) que disse que se lixava para a opinião pública não deixa de ter uma boa dose de razão. Mas, isso já é sabido. As classes menos favorecidas (C, D e E) apesar de terem um nível de informação até razoável hoje em dia, não sabem digerir estas informações. Mas, nem mesmo as classes A e B conseguem, em boa medida, fazer esta digestão. No fim das contas, as diversas camadas sociais brasileiras padecem do mesmo mal (umas mais, outras menos, obviamente) que é o mal do desinteresse e da falta de capacidade de entender o que se passa no seu próprio país. Ah, e claro, todos precisam de fosfosol porque a memória... oh!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A little article presented at Oslo University last year

Guide Question: In what ways - if at all - have the concept of security changed in recent years?

1. Some changes in the security debate
The discussion on security after the end of the Cold War in 1989 has not been properly an area of easy agreement. During the Cold War it was more obvious that the security issues can be reduced to the military question, to the number of weapons, capability of armies and other things related to the military area. This was the national security. After this, and even before since the early 1980’s, the discussion of human security and the wider of the scope of security issues had grown, mainly after the 1989’s events. This, as defined by Barry Buzan, has put in one side the traditionalists, to whom security is a military and state-centered issue, and in the other those who put security in a wider scope of discussion, bringing to its agenda issues like economic development, health, education, environment, etc. Barry Buzan alerts that this new approach on security is more complex and hard to discuss because of its “intellectual and political dangers in simply tacking the word security onto an ever wider range of issues.”[i]
Globalization is an important event in the discussions on security. The concept and the effects of globalization divides the scholars in two groups. The first one argues that the globalization process facilitate the cooperation between states and the interdependence turns more easy the dialogue between nations. On the other hand, other group states that globalization produces more economic inequality, brings the fragmentation and rapid social changes. These negative effects can increase the possibility of conflicts.
One approach that can be linked with the globalization is the Liberal Institutionalism due to the institutionalized cooperation among states. This cooperation can be a wide opportunity to reach high levels of international security. The Liberal Institutionalists recognizes that institutions will not, by themselves, assure a global security, but they are an important actor on achieving states cooperation and, so, minimize tensions and conflict between them. As quoted by John Baylis, the Liberal Institutionalism “argues that international institutions are much more important in helping to achieve cooperation and stability than structural realists realizes”.[ii]
The after Cold War Era may be described, in security issues, as an Era of changing patterns. That means the old threat (of a nuclear war and mass destruction) no longer exists, but new ones are getting in force (mainly the terrorism, and the threats on the Human Rights). To the American policy-makers the new threats are the “rogue states” (such as Iran, Iraq, North Korea and Cuba), the nuclear weapons proliferation (I.e.: the arms race between India and Pakistan and the works of the International Atomic Energy Agency on advertising countries like Iran and North Korea to stop their nuclear programs) and the Islamic terrorism. [iii] This view is closer to the traditionalists approach and puts the state in a center role in security, giving to this a military status only. Organisms like the United Nations are more close to the human security approach. The UN Charter and the main tasks of the institution put the human security in the first place when defending peace and the respect to the human rights.
But, despite the discussions on globalization, one of the most important approaches to the security debate nowadays is the Common Security Doctrine, presented in 1982 by the Palme Commission on that year’s report. The Commission stated that security requires economic growth and the end of military fear. This used to be applied to the so-called Third World countries in the early 1980’s, but today this statement can be applied to all countries where political and economic stability are not in force, like some parts of Africa, Latin America, Asia and Europe. As marked by Amitav Acharya, the importance of people’s security has grown.[iv] It means that security, since the Cold War end, is not anymore a military issue. The dimensions of security includes the points defined in the Human Development Report of 1994, issued by the United Nations Development Programme (UNDP): economic, food, health, environmental, personal, community and political security. This points means that, after Cold War, Human Security has been more important than national security. At least for the international organizations, such as the United Nations.
The critics of the Human Security say that the concept is too broad to be useful as tool of policy-making, the definition is to moralistic, unattainable and unrealistic. But, the most important critic on Human Security tells that this approach does not includes the state as a provider of security. Based on the Unite Nation Commission on Human Security’s report from 2003, that describes Human Security as complement of the State Security.[v] This UN’s statement has been used in defense of Human Security approach as a state allied in security policy-making.
2. A brief view on the South American case
In Latin America, the end of the Cold War clashed with the process of democratization. A major part of the countries, including Brazil, Argentine, Chile, Uruguay and Mexico, were at that time involved with the transition from military dictatorial governments to new democratic states. In some ways, these re-democratization processes means the end of governments that went in force with the United States’ support, in a supposed north-american battle to avoid the “danger of comunism” of invading it’s own backyard, what means Latin America. In Cuba, this intervention has obtained no success.
This transition brings to Latin America some sense of integration or, at least, put the subject in the political leaders, media and academics agenda. South America, for example, is experiencing since the second half of the 1980’s this integration with Mercosul, which involves Argentine, Brazil, Uruguay and Paraguay. Venezuela may soon join the block. With this new democratic and integration era, countries became more open in its borders. Conflicts between nations, that were present since the independency revolutions period, are now lying under this democratic commitment of national governments. Despite of the recent diplomat incident between Colombia’s president Alvaro Uribe, and Venezuela’s and Ecuador’s, Hugo Chavez and Rafael Correa, after the Colombian army been accused of a one mile invasion of the Ecuador’s territory in the action that killed the second more important member of the FARCs in the Amazon jungle, a democratic peace seems to be in course in the continent.
In this way, the security in South America becomes more a Human Security task than a National Security one. The stabilization of borders and the good level of governments commitment with democratic principles, brings to the light the notion that to achieve security it’s necessary to reach a good economic growth, develop the education and health systems and increase the personal and community security. In other words, this means the stabilization of democracy in the region and the presence of several factors that bring to the analysis a Human Security approach. Beyond the growing democratization, we can include the rising of an economic interdependence, the role of local and international institutions and the diplomatic choice as a form to deal with conflicts instead of the military choice.
2.1. Liberal Institutionalism and Democratic Peace Theory
Why is the Colombian stability important to the United State and to South America? Why is important to the European Union a good control by Brazil of its borders? The interdependence between countries and communities of countries is an important Liberal issue. In the same way Liberal Institutionalists propose that institutionalized cooperation between countries is a form to enhance the international security.
The Colombian political and democratic stability means, among other things, but for example, the country having success against the drugs production and traffic through the Brazilian territory and then to Europe and United States. But, to achieve this a cooperation between Brazil, Colombia and the United States is an important task. And this is actually in force. Here we can see the institutionalized cooperation working to a high security level in the region. To Europe, it is important due to its border with the Brazilian Amazon region. The French department of Guianne Française has a large border area with Brazil, all in the Amazon rain forest. This are some examples on how institutionalized cooperation is linked to the international security.
This cooperation may lead the countries in to a stable democracy status. Here, another Liberal approach for security come in force: the Democratic Peace Theory. According to this theory, democratic states tend no to fight other democratic states. The Democratic Peace sets the democratic representation, the commitment to human rights and transnational interdependence as important things that together explains the tendency for peace of democratic states. In the South American case, the Democratic Peace can be applied to the Mercosul and its democratic clause. This means that all the members, and the countries that want to join the block, must be committed with democratic principles.
3. Conclusion
In fact, the security concepts has changed since the end of the Cold War. All the new approaches on this subject, mainly those that defend the cooperation between states, the economic growth and the defense of human rights as important ways to get a good level of security - as the Liberal Institutionalism and the Human Security - shows that the traditional vision of security as just a military issue is quite narrow to the moment.
The Human Security approach may be one the most important changes in the discussion field of security. Here people is put in an important role when security is discussed, and not only the states and how big are their economies and military forces. Human Security brings to the table the economy (but not only this and this is one important point of analysis in Human Security), health, environment and other issues that represents the human development. Its two conceptions “freedom from want” and “freedom from fear”, despite of different perspectives on how to achieve the Human Security (one proposes the promotion of human development, and the other the protection of people in conflict areas) agree that the individual is the main object in security. As stated by Amitav Acharya “The concept of Human Security represents an important ongoing effort to put the individual in the centre of national and global security concerns while expanding our understanding of the ranges of challenges that can threaten individual safety and well-being to encompass both armed conflict as well as social, economic and ecological forces.”[vi]
This guidelines are followed by the UN and its program for development, the UNDP, and the UN Commission on Human Security. It means unlike in the Cold War era when a military race was in force and the arsenal of a state was it main security guarantee, in the start of 21st century, with the integration and cooperation between nations putting the world in a heavy interdependence, the security discussion has broaden its scope and brought to the focus the individuals security. The human development becomes an important matter for the world security.
[i] BUZAN, Barry. “Ch. 1: Introduction. In (Ed) Buzan et al. Security. A New Framework for Analysis. 1998, p.: 1-20. Page 1
[ii] BAYLIS, John. “Ch. 13: International and Global Security”. In (Ed) Baylis, John et al. The Globalization of World Politics. Page 233.
[iii] COX, Michael. “From the Cold War to the War on Terror”. In (Ed) Baylis, John et al. The Globalization of World Politics.
[iv] ACHARYA, Amitav. “Ch. 28: Human Security.” In In (Ed) Baylis, John et al. The Globalization of World Politics.
[v] ACHARYA, Amitav. “Ch. 28: Human Security.” In In (Ed) Baylis, John et al. The Globalization of World Politics.
[vi] ACHARYA, Amitav. “Ch. 28: Human Security.” In In (Ed) Baylis, John et al. The Globalization of World Politics. Page 504.
4. Bibliographical references
BUZAN, Barry et al. Security. A New Framework for Analysis. Lynne Riener Publishers: 1998. In the Blandingskompendium for the ISSSV 1855 - International Politics, University of Oslo: 2008.
BAYLIS, John; SMITH, Steve; and OWENS, Patricia. The Globalization of World Politics - an introduction to international relations. Fourth Edition. Oxford University Press: New York, 2008.

Impasse. Até quando?

Hoje pela manhã entrevistei dois senadores sobre a crise no Senado. Marisa Serrano, do PSDB de Mato Grosso do Sul, e Almeida Lima, do PMDB de Sergipe, presidente da Comissão de Mista de Orçamento. Há um impasse monstruoso no Senado que deve ser ampliado amanhã com o arquivamento das denúncias contra José Sarney no Conselho de Ética. As posições estão bem colocadas e parece que ninguém irá arredar o pé.

Da parte dos tucanos a intenção é ir até a obstrução das votações em Plenário (que teria apoio do DEM), na parte do PMDB e dos que defendem a permanência de Sarney a intenção é manter a posição firmemente. Quem vai ganhar? Não faço ideia.

O que eu sei é quem perde, independentemente do resultado da refrega. O perdedor será o país. Pela primeira vez em meses, talvez anos, o Senado iniciou um semestre sem nenhuma Medida Provisória trancando as votações. Este fato poderia ser aproveitado pelos senadores para votarem coisas importantes para o país. Na pauta, por exemplo, a PEC 29 de 2003 que abre espaço para a criação de uma Lei de Responsabilidade Social, estabelecendo índices para a avaliação dos projetos sociais no Brasil. Ou ainda a PEC que vai facilitar o divórcio acabando com a necessidade da separação judicial por mais de um ano. Outro projeto que está pronto para a pauta é o que fecha definitivamente o estabelecimento comercial que for utilizado para a prática da exploração sexual de crianças e adolescentes.

Sem contar aí o projeto de reforma eleitoral (xoxo e que não mexe no que interessa) que deve ser votado pelos senadores até o final de setembro para valer em 2010.

A princípio não se vê alternativa para votação de nenhum destes projetos. A crise, que segundo o senador Almeida Lima "não existe" e que não passa "de uma invenção de três ou quatro senadores e da mídia" e que segundo a senadora Marisa Serrano só será solucionada com a renúncia de Sarney, pode paralisar o Senado por meses a fio. O segundo semestre, na verdade, promete ser mais quente que o primeiro quando, apesar da crise institucional, a Casa conseguiu encerrar os trabalhos com a pauta de votações esgotada. Isso se não colocarmos como "pauta" as reformas Política e Tributária que ficaram paradinhas.